Gol Devolve Ganhos de 10%, Gafisa cai 8,3% e Oi Dispara; Veja Destaques
Marfrig sobe forte, TIM chega a cair 9% no intraday, autopeças caem com dados da Fenabrave e Locamérica dispara no call de fechamento
SÃO PAULO – O Ibovespa retomou o caminho das baixas e fechou com queda de 0,59% nesta terça-feira (2), aos 59.222 pontos. O movimento foi intensificado com a forte queda da Gol (GOLL4), que devolveu todos os ganhos da véspera ao cair 10,94% para R$ 11,40. Na ponta positiva, destaque para as ações ordinárias da Oi (OIBR3), que subiram 4,21% para R$ 10,39, enquanto os preferenciais tiveram alta de 2,77% e fecharam aos R$ 8,53.
As ações da companhia aérea já sugeriam um dia negativo desde o after-market da sessão anterior. Na véspera, a empresa disse que faria um anúncio muito importante. A expectativa do mercado era de que ela poderia anunciar a venda de parte da companhia. No entanto, não foi essa notícia dada pela Gol – a empresa anunciou a compra de 60 aviões Boeing 737-MAX. Com a decepção, as ações, que haviam subido 10,63% no pregão regular, caíram 1,95% no after-hours para R$ 12,55 – lembrando que os papéis negociados na Bovespa não podem oscilar mais de 2% durante esse período de negociação.
A compra de 60 aeronaves Boeing 737 MAX pela Gol – o maior pedido da sua história – faz parte do plano de frota da companhia para o longo prazo, disse Paulo Sergio Kakinoff, atual presidente da companhia de aviação, em coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (1). A transação será de US$ 6 bilhões, ou US$ 100 milhões para cada avião, que vai ser financiada entre 2018 a 2026.
Telecom: Oi sobe forte…
O dia foi conturbado para o setor de telecomunicações. Enquanto o acionista da Oi teve motivos para comemorar, o da TIM Participações (TIMP3) tinha motivos para ficar triste. A forte alta dos papéis da Oi é justificada pela notícia de que a empresa aprovou a alienação de diversos imóveis do grupo de telecomunicações por venda direta, pelo total combinado de R$ 643,1 milhões, de acordo com ata de reunião realizada em 26 de setembro. “A notícia mostra a busca da companhia pela redução do endividamento, o que impulsiona a alta dos papéis na sessão”, explica Luís Gustavo Pereira, estrategista da Futura Investimentos.
Segundo a ata, devem ser alienados, mediante venda direta, três imóveis singulares e um estabelecimento, composto de oito imóveis, pelo valor de 455 milhões de reais. Os imóveis ficam no Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Também devem ser alienados 37 imóveis do grupo em vários Estados pelo valor total estimado de R$ 188,1 milhões para um Fundo de Investimento Imobiliário, o qual irá alugar tais imóveis para empresas do grupo. Também foi aprovada proposta para constituição de dois consórcios.
O primeiro, no valor de R$ 1 bilhão, refere-se à prestação de serviços de telecomunicações ao Estado de Pernambuco por 48 meses, com possibilidade de renovação por 60 meses, e inclui empresas do grupo Oi e a Vectra Consultoria e Serviços e a Avantia Tecnologia e Engenharia. O segundo, de R$ 342,6 milhões, é para prestação de serviços de telecomunicações ao Estado da Bahia, junto à Solutis Tecnologias.
..mas TIM cai forte
Enquanto isso, as ações da TIM, próximas da ponta negativa do Ibovespa, mostraram reação após a diretoria de relações com investidores avisar que a suposta dívida de R$ 6,6 bilhões é na verdade recursos contingenciados. Os papéis da empresa, que chegaram a cair 9,40% durante a sessão, diminuiram a queda para “apenas” 3,81%, atingindo os R$ 7,57.
As ações movimentaram valores muito acima do usual nessa sessão: o volume financeiro foi de R$ 176,21 milhões, bastante acima da média dos últimos 21 pregões de R$ 41,68 milhões. A empresa desmentiu a notícia veículada no Radar On-line pelo colunista Lauro Jardim, de Veja, que destacou que esses valores se tratam uma dívida. De acordo com a TIM, esses recursos foram separados de acordo com o estrito cumprimento de todas as regras contábeis.
Segundo Rogério Tostes Lima, diretor de relações com investidores da companhia, ela tem passado por uma avaliação anual dos controles e procedimentos internos, e as realizou em todos os últimos anos de exercício. “Em nenhum ano, o histórico das perdas contábeis efetivamente sofridas pela empresa excedeu o valor das provisões feitas até então”, afirmou a companhia em nota.
Imobiliárias: destaques de queda
Os ganhos recentes das imobiliárias escoam no pregão dessa terça-feira. A poucos minutos de fechar o pregão, as ações da Gafisa (GFSA3, R$ 4,08), Brookfield (BISA3, R$ 3,66), Rossi Residencial (RSID3, R$ 4,85) e PDG Realty (PDGR3, R$ 3,70) cairam 8,31%, 5,18%, 4,72% e 3,90%, respectivamente, figurando entre as piores perdas do índice.
O desempenho desses papéis se afasta, contudo, da performance diária das ações da Cyrela (CYRE3), que fecharam com alta de 0,56%, aos R$ 18,00, e MRV Engenharia (MRVE3), que caiu apenas 0,16%, aos R$ 12,34.
Segundo o analista Henri Evrard, da Infinity Asset, o mercado está um pouco conturbado e as ações que apresentam um maior risco estão sendo penalizadas nesse pregão. O desempenho ruim dos papéis do setor de construção civil deve-se ao dado operacional ruim e pior expectativa do mercado para os próximos balanços, um cenário que é mais acentuado em períodos de queda do Ibovespa, que é bastante atrelado as ações do setor, complementa.
Com exceção de Gafisa, que “explodiu” no último mês, as únicas que mostram tanto um desempenho positivo tanto no dia quanto no acumulado anual são MRV e Cyrela, que mostram um movimento bem parecido e um balanço melhor, disse o analista.
Marfrig destacam na ponta positiva
Já as ações da Marfrig (MRFG3) se destacaram na ponta positiva, com alta de 3,86%, atingindo os R$ 12,10. Esse é um movimento estranho, considerando que a maioria das ações que possuem menor previsibilidade de resultados, como a Marfrig, não costuma avançar em dias de pessimismo no mercado.
Enquanto MRFG3 continua seu rali altista, há dois fatores que podem estar impulsionando o papel, de acordo com os analistas: a empresa acaba de opter um empréstimo de R$ 350 milhões, e o preço do seu principal insumo, o boi gordo, tem recuado nas últimas semanas. Nessa sessão, as ações movimentam um volume considerado normal, mas chegaram a atingir alta de 6,01% no intraday. O papel saiu da região de R$ 10,27 no dia 20 de setembro – acumulando cerca de 20% de alta.
Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora, destaca que a empresa acaba de obter um empréstimo de cerca de R$ 350 milhões com a Caixa Econômica Federal, conforme noticiado na coluna de Lauro Jardim, da Veja. A rolagem da dívida pode ser interessante para a empresa, uma das mais alavancadas no setor.
A queda do boi gordo, porém, tem melhorado a situação da Marfrig nas últimas semanas, já que o boi gordo tem recuado consistemente na BM&F. “Isso é positivo, já que as margens dos frigoríficos aumentam. Além disso, está previsto um repasse de preços de alimentos ao consumidor”, destaca o analista da Infinity Asset.
Venda de automóveis derruba Iochpe-Maxion e Randon
As ações da Randon (RAPT4) registraram desvalorização de 4,71%, cotadas a R$ 11,54. No mesmo sentido, os papéis da Iochpe-Maxion (MYPK3) caíram 3,61%, negociadas a R$ 26,70, enquanto os ativos da Marcopolo (POMO4) tiveram queda de 1,76%, atingindo os R$ 11,71.
De acordo com a Fenabrave, as vendas de automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões novos no Brasil em setembro recuaram 31,4% ante agosto, mês tido como recorde de vendas. Para o analista-chefe da SLW corretora, Pedro Galdi, a notícia contribui para a pressão sobre os papéis de empresas que atuam no setor automobilístico. “Com o mercado volátil, qualquer notícia pontual pode contribuir para a maior desvlorização das ações”, explica.
Em relação à Marcopolo, o analista cita ainda a entrada da Iveco no Brasil como mais um motivo que pode pressionar as quedas de seus papéis. “De princípio as ações da Marcopolo não reagiram, mas pode ser um motivador do movimento negativo das ações”, explica.
Porto Seguro, Sulamérica e Multiplus
Outras empresas também chamaram a atenção nessa sessão. As ações da Multiplus (MPLU3) subiram 4,63%, terminando aos R$ 43,13, enquanto as seguradoras, Porto Seguro (PSSA3) e Sulamérica (SULA11) também tiveram desempenho “estranho”. PSSA3 subiu 4,06%, aos R$ 21,25, enquanto SULA11 teve ganhos de 2,06% aos R$ 14,86.
“Não tem como destacar um motivo para alta de nenhuma dessas ações, publicamente não teve nada de novo”, avalia a equipe de análise da XP Investimentos. Os papéis da Porto Seguro foram os que mais chamaram a atenção, já que movimentaram R$ 33,10 milhões nessa sessão, bastante acima da média de R$ 11,78 milhões nas últimas 21 sessões. “O setor de seguros é muito bom, mas são empresas que o investidor sairia em um momento desses”, termina o analista.
Locamérica dispara no call de fechamento
Enquanto isso, as ações da Locamérica (LCAM3) subiram 8,70%, terminando aos R$ 9,00, depois de uma forte valorização no call de fechamento. A empresa soltou comunicado destacando que que concluiu a rolagem de sua dívida, alongando-a de 1,7 anos em média para 4,7 anos e reduzindo os spreads.
“A estratégia de alongamento da dívida, com a liberação de garantias e redução de spread foi alcançada em cinco meses após o IPO (Oferta Inicial de Ações, na sigla em inglês), antecipando o processo de otimização de dívida”, avaliou a companhia. A companhia conseguiu R$ 400 milhões em novos empréstimos desde a abertura de capital, o que permitiu o pagamento da dívida de R$ 410 milhões anterior. Além disso, o spread foi reduzido de 5,5% para atuais 3,3%.
Fonte: InfoMoney