Startups ajudam instituições a disseminar serviços
Com recursos próprios ou de terceiros, fazendo parte de programas de aceleração ou não, com parceiros na largada ou sozinhas, as startups contribuíram muito para a formação de um ecossistema robusto para levar serviços digitais de pagamento e contas bancárias a dispositivos móveis e pela web. Muito desse apoio veio do próprio setor financeiro, que procurou incentivar esse mercado por meio de programas específicos.
Durante o Ciab 2015 a startup catarinense Atar chamou a atenção no estande da Scopus, empresa do grupo Bradesco. Na ocasião, apresentou o primeiro wearable, uma pulseira, que permitia a realização de pagamentos no mercado brasileiro. Com a tecnologia EMV, a sigla para Europay, Mastercard e Visa, as empresas que criaram as especificações de interoperabilidade entre cartões de pagamentos e terminais baseados em chips – ela permite uma compra apenas com a digitação da senha e a aproximação do terminal equipado com a plataforma de pagamento por aproximação – a NFC (Near Field Communication).
“Nossa proposta é ajudar as pessoas a se livrarem da carteira quando realizam diversas atividades cotidianas”, diz Orlando Purim, um dos fundadores e diretor-executivo. A startup foi uma das primeiras a participar do programa de aceleração do Bradesco, o InovaBra, participou do Techcrunch Disrupt, em São Francisco (EUA), um dos maiores eventos de empreendedorismo digital global, e ganhou nove prêmios de inovação.
“Atar é um estilo de vida que mistura tecnologia, pagamentos e moda”, diz Purim. Com a captação de cerca de R$ 1 milhão em investimentos, o primeiro produto, a Atar Band, ainda não chegou ao mercado, o que deverá acontecer em breve, segundo o executivo.
O micro empreendedor brasileiro também ganhou a oportunidade de realizar pagamentos, sacar dinheiro ou ter acesso a um cartão de crédito internacional por meio de uma solução desenvolvida por uma startup brasileira, a Conta.Mobi. Segundo o CEO, Ricardo Capucio, a ideia foi oferecer uma forma de facilitar a gestão e diminuir a burocracia. “Percebemos que boa parte das empresas desse porte não conseguia ter conta no banco pelo alto custo e dificuldades no processo de abertura” diz. Para investir nessa área que, na sua avaliação, tem uma das melhores legislações de apoio mundiais, o executivo se preparou na Universidade de Stanford e contou com apoio da Federação de Serviços Contábeis (Fenacon). Com 15 mil usuários, projeção de chegar a 100 mil até o final do ano e um potencial de “5 milhões de novos clientes”, a empresa oferece ao empreendedor a possibilidade de movimentar a sua conta digital como um internet banking.
As facilidades dos serviços digitais desenvolvidas por startups chegaram também ao câmbio. A Bee Tech Global tem dois produtos nessa área, o BeeCâmbio, um site para a compra de moeda estrangeira com delivery, e o Remessa Online. Segundo o CEO, o serviço começou em 2014, sem investimento externo, e em 2015 ganhou a parceria da eGenius Founders que contribuiu com o primeiro investimento externo e tecnologia para dar escala ao produto.
Com a possibilidade de trabalhar com 26 moedas disponíveis para a compra, a BeeCâmbio foi responsável por um movimento de R$ 200 milhões no ano passado, tendo faturado no período R$ 2 milhões. O próximo passo, ainda em compasso de espera pela regulamentação do Banco Central, será a carteira digital em moeda estrangeira para turistas e executivos que viajam com frequência a outros países. “Mais cedo ou mais tarde essa regulamentação virá”, aposta.
Fonte: Valor