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Seguradoras contabilizam custos com chuvas em janeiro

O mês de janeiro de 2025 foi marcado por fortes tempestades que atingiram diversas regiões do Brasil, evidenciando os desafios impostos pelas mudanças climáticas ao setor de seguros e à população. Em São Paulo, no dia 24, as chuvas causaram alagamentos, transtornos e um aumento expressivo na demanda por assistência e sinistros nas seguradoras.

O volume dos temporais em São Paulo no dia 24 de janeiro correspondeu a quase à metade do esperado de chuva para janeiro na cidade. Ao todo, foram 125mm de precipitação, enquanto a média para o mês é de 288mm, segundo a Defesa Civil. Ou seja, choveu 43,4% do previsto para os primeiros 31 dias do ano na capital paulista. A chuva também vem sendo tratada como histórica. Trata-se do terceiro maior volume de precipitação registrado na cidade de São Paulo nos últimos 64 anos.

A boa notícia é que São Paulo registra o maior volume de vendas de seguros no Brasil. Por isso, parte dos danos sofridos por empresas e proprietários de veículos e residências contam com o apoio das seguradoras, que ainda calculam o volume de indenizações que serão pagas aos clientes que tem apólices com cobertura para dados da natureza. Por ora, o que temos são dados dos atendimentos realizados neste período chuvoso.

Executivos do setor relatam as medidas emergenciais adotadas e o crescimento da busca por coberturas contra danos naturais. Jaime Soares, diretor de Auto da Porto Seguro, ressalta que o Seguro Auto da companhia inclui cobertura para eventos climáticos adversos. “Se o carro for atingido por enchentes, inundações, quedas de árvores ou raios, a proteção garante a indenização necessária”, explica Soares. “Para conscientizar e ajudar ainda mais nossos clientes sobre essas coberturas, contamos com mais de 37 mil corretores parceiros, que possuem amplo conhecimento sobre a importância da proteção e preservação do patrimônio de cada cliente, e que irá orientá-los a contratar as coberturas mais adequadas às necessidades.”

Marcelo Sebastião, diretor da Porto Serviço, destaca o impacto das tempestades nos serviços de assistência e sinistros, sobretudo em São Paulo no dia 24 de janeiro. Segundo ele, a Porto reforçou sua operação com 35 prestadores e 200 guinchos espalhados pela cidade. “Nossa prioridade foi garantir um atendimento ágil e eficiente para pessoas em situação de risco, e para nossos clientes, tanto nos serviços de assistência quanto nos processos de sinistro”, afirma Sebastião.

No dia 24, foram realizados 379 atendimentos distribuídos em diversas regiões afetadas. A digitalização também se mostrou um diferencial, com 38% dos acionamentos realizados por canais digitais, como o App Porto e WhatsApp, enquanto 62% ocorreram via call center. “Nosso compromisso é continuar oferecendo soluções ágeis e um atendimento de excelência para nossos clientes”, complementa o executivo. Até o dia 26 de janeiro, mais de 53% dos avisos de sinistro registrados já estavam com orçamentos concluídos e mais de 34% com liberação em sistema.

No segmento de seguros patrimoniais, Jarbas Medeiros, diretor de Ramos Elementares e Vida da Porto Seguro, aponta que as coberturas para alagamentos e desmoronamentos foram muito acionadas. “Percebemos uma mudança na percepção dos clientes, que estão buscando mais proteção contra danos elétricos e vendavais”, observa Medeiros. E em resposta a essa demanda, a Porto Seguro passou a incluir nos seguros patrimoniais uma cobertura para casos de alagamentos e inundações que afetem imóveis.

Em geral quem mais procura este tipo de coberturas são os residenciais ou empresas que ficam em regiões mais expostas, porém, é importante lembrar que as tempestades têm sido cada vez mais frequentes e vários danos podem ser causados por elas, por isso, a importância do cliente contratar um seguro completo com a consultoria dos corretores parceiros que irá orientar o cliente a contratar as coberturas e limites mais adequados às necessidades.

A Tokio Marine também enfrentou um alto volume de sinistros. Adilson Lavrador, diretor executivo de Operações, Sinistros e Tecnologia da Tokio Marine, informa que a seguradora registrou 1.696 avisos de sinistros em janeiro, com destaque para 601 casos em São Paulo, seguidos por 252 em Santa Catarina, 203 em Minas Gerais e 138 no Rio Grande do Sul. Os 502 casos restantes ocorreram em outras localidades do país.

“Temos consciência do nosso papel social como seguradora e atuamos para minimizar os impactos causados por eventos climáticos cada vez mais severos”, afirma Lavrador. Com relação aos produtos, os que mais acionados foram os Seguros Residencial e Condomínio, com 937 ocorrências; Auto que identificou 435 casos; e Seguro Empresarial, com 324 casos.

Após as fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo no último dia 24, a Tokio registrou 80 casos do Produto de Auto, seguido pelo Seguro Residencial/Condomínio com 26 acionamentos e 3 avisos de Seguro Empresarial. Isso até o dia 28 de janeiro. “Dos sinistros registrados para o Seguro Auto identificamos que, mais da metade corresponde a chamados relacionados às enchentes. Para os Produtos Residencial, Condomínio e Empresarial as principais ocorrências estão ligadas a alagamentos, desmoronamentos, vendavais, danos elétricos, queda de raio, incêndio ou explosão”, contou Lavrador.

Segundo o diretor da Tokio, um ponto fundamental do plano colocado em prática é o aprimoramento das ferramentas digitais para otimizar a jornada de corretores e segurados no acionamento da Assistência 24 horas e no aviso do sinistro. A recomendação é que, ao abrir um chamado ou um aviso de sinistro, os clientes recorram primeiro aos canais digitais – Whatsapp, SuperApp, Chat Online, Portal Institucional, Facebook Messenger, Apple Messenger ou Telegram –, pois eles aceleram o processo de acionamento do prestador e na abertura do sinistro.

De acordo com Luciane Merli, COO da Fácil Assist, empresa de assistência do grupo segurador HDI, os atendimentos foram concentrados, principalmente, no ramo de seguros de automóveis, com destaque para dois eventos de grande impacto em Santa Catarina e São Paulo. “Nesses casos, disponibilizamos uma célula de atendimento presencial exclusiva para os DDDs mais afetados, garantindo um suporte diferenciado e acolhimento especializado aos segurados”, afirma.

O episódio do dia 24 de janeiro, em São Paulo, exigiu uma atuação rápida da empresa para atender as demandas dos segurados. “Atuamos de forma ágil e estratégica, avaliando a necessidade de cada segurado e o local onde ele se encontrava. Em casos de remoção emergencial devido a risco iminente, a assistência foi prestada de imediato”, explica Luciane. Nos demais casos, o serviço foi agendado, considerando as dificuldades de mobilidade na região e, em algumas situações, a impossibilidade de remoção do veículo por estar submerso. A grande maioria dos atendimentos foi para apólices de automóveis de passeio, com acionamentos decorrentes de alagamentos e enchentes, que deixaram veículos submersos ou com pane.

O aumento na ocorrência de tempestades e alagamentos também tem impactado a procura por coberturas contra danos da natureza nos seguros de automóveis. Rafael Ramalho, vice-presidente de Auto do Grupo HDI, destaca que essa proteção sempre esteve incluída dentro da cobertura compreensiva, conhecida popularmente como “cobertura completa”, e sua aceitação tem crescido entre os consumidores. “Cada vez mais, os segurados têm se preocupado com riscos como alagamentos, quedas de árvores e danos causados por tempestades e granizo”, afirma. Para atender essa demanda, a seguradora passou a oferecer a cobertura de alagamento também em produtos mais enxutos, permitindo que os clientes incluam essa proteção específica por um custo mais acessível.

Na Allianz Seguros, o foco foi a resposta rápida aos clientes afetados. Marlon Teixeira, diretor de Sinistros de Automóvel da Allianz Seguros, informa que a maioria dos acionamentos está relacionada ao atendimento de veículos afetados pelas enchentes, além de residências e comércios que sofreram panes elétricas. “Estamos acompanhando de perto, dia após dia, os impactos das chuvas de 23 de janeiro. Nossos times de assistência 24h e sinistros estão totalmente dedicados a oferecer o melhor suporte a clientes e corretores”.

No setor de seguros patrimoniais, Verônica Gomes, superintendente de Massificados da Allianz Seguros, destaca que “as coberturas contra danos naturais, como quedas de raios e vendavais, estão cada vez mais valorizadas pelos clientes”. No Allianz PME, há uma gama de coberturas adaptáveis a diferentes tipos de eventos climáticos, atendendo às crescentes preocupações com as mudanças no clima. “O alto nível de contratação dessas proteções reflete a importância que os clientes atribuem à segurança do patrimônio”, disse.

Essa tendência também é observada no segmento automotivo, conforme aponta Ana Freitas, diretora de Automóvel da Allianz Seguros: “A cobertura compreensiva do Allianz Auto já oferece proteção automática contra eventos naturais, garantindo mais segurança aos segurados”. “Todas as apólices que incluem a proteção para o casco do veículo – cobertura compreensiva – garantem automaticamente a cobertura contra danos causados por eventos naturais, como inundações por chuvas. Além disso, os segurados estão protegidos contra colisões, incêndios, roubos e furtos. A medida reforça o compromisso da Allianz em oferecer segurança e tranquilidade aos clientes em diferentes cenários”, conclui.

A Bradesco Seguros não disponibiliza dados sobre o volume de atendimentos realizados durante as tempestades de janeiro, incluindo os impactos do último dia 23 em São Paulo, por estar em período de silêncio. No entanto, a seguradora reforça que, historicamente, nos meses de janeiro a abril, quando as chuvas são mais intensas, os avisos de sinistros por alagamento costumam ser aproximadamente três vezes maiores do que a média dos demais meses do ano.

Segundo Eduardo Menezes, Superintendente Sênior de Ramos Elementares, entre as principais razões para os acionamentos de seguros nesses períodos estão os danos causados por alagamentos, afetando diferentes tipos de apólices, como as de automóveis, residências e comércios. Para mitigar os impactos das tempestades e prestar assistência de forma mais ágil, a companhia conta com planos de contingência e a “Operação de Sinistros em Situações Climáticas Severas”, uma estratégia voltada para quantificar e indenizar segurados afetados por desastres naturais no menor tempo possível. Essa mobilização se estende até que o volume de sinistros na região atingida seja normalizado e envolve o reforço no atendimento de guinchos e outros serviços de assistência.

Prevenção e ações para emergências climáticas

As seguradoras têm investido cada vez mais em estratégias preventivas para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Menezes reforça que nos últimos anos, a busca por coberturas contra desastres naturais tem aumentado, especialmente após a enchente histórica ocorrida no Rio Grande do Sul no ano passado. O episódio destacou a vulnerabilidade de muitas propriedades e levou a um crescimento expressivo na procura por seguros que protejam contra eventos climáticos extremos. Essa maior conscientização dos consumidores tem impulsionado mudanças na oferta de produtos, com maior ênfase em coberturas adaptadas às novas necessidades do mercado.

Na Porto Seguro, o plano emergencial inclui o envio de alertas meteorológicos por SMS, WhatsApp e App Porto, além do trabalho preventivo com a Moto-Enchente, que monitora regiões sujeitas a alagamentos e alerta os proprietários dos veículos antes das tempestades.

A Tokio Marine também acompanha constantemente as previsões meteorológicas e reforça seu contingente de prestadores de serviço nas regiões afetadas. Segundo Lavrador, a seguradora tem a iniciativa de estruturar ações de apoio em casos de eventos extremos, envolvendo as diversas áreas da companhia, a fim de otimizar os atendimentos de sinistros e assistências, além de avaliar também formas de ajuda humanitária para as comunidades impactadas.

Já a Allianz Seguros tem parceria com a Allianz Partners para garantir suporte especializado, amplia sua infraestrutura para recolhimento e vistoria de veículos e agiliza os processos de indenização. “Nosso compromisso é oferecer suporte rápido e eficaz em momentos críticos”, conclui Teixeira.

Para lidar com eventos climáticos extremos, o Grupo HDI estruturou um plano de atendimento para eventos catastróficos, que é continuamente aprimorado com base na experiência adquirida e na crescente frequência e complexidade desses episódios. Segundo Marcio Probst, diretor de operações e sinistros do Grupo HDI, esse planejamento prevê um acionamento em fases, levando em consideração critérios como nível de criticidade da situação, número de pessoas afetadas e acessibilidade às áreas impactadas. “A segmentação do plano em fases permite o envolvimento apenas dos profissionais necessários em cada etapa, garantindo maior rapidez e eficiência na resposta”, explica.

Fonte: Sonho Seguro

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