Riscos cibernéticos aumentam com o avanço rápido da tecnologia
Os incidentes cibernéticos (38% das respostas gerais) são classificados como o risco mais importante globalmente pelo quarto ano consecutivo – e com uma margem maior do que em outras edições do levantamento (7% pontos). Esse é o principal perigo em 20 países, incluindo Brasil, Argentina, França, Alemanha, Índia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. Mais de 60% dos entrevistados identificaram as violações de dados como a exposição cibernética que as empresas mais temem, seguidas pelos ataques à infraestrutura crítica e aos ativos físicos, com 57%.
“Para muitas empresas, o risco cibernético, exacerbado pelo rápido desenvolvimento da inteligência artificial (IA), é a grande ameaça que se sobrepõe a todas as outras. É provável que continue a ser um dos principais riscos para as organizações no futuro, dada a crescente dependência da tecnologia – o incidente do CrowdStrike no verão de 2024 mais uma vez destacou o quanto todos nós dependemos de sistemas de TI seguros e dependentes”, diz Rishi Baviskar, diretor global de consultoria de risco cibernético da Allianz Commercial.
A interrupção de negócios está fortemente interligada a outros riscos
A interrupção de negócios (BI, business interruption em inglês) ficou em primeiro ou segundo lugar em todos os Termômetros de Risco da Allianz na última década e mantém sua posição em segundo lugar em 2025, com 31% das respostas. Ela é normalmente uma consequência de eventos como desastres naturais, ataques cibernéticos ou apagões, insolvência ou riscos políticos, como conflitos ou distúrbios civis, que podem afetar a capacidade de uma empresa de operar normalmente.
Vários exemplos de 2024 destacam porque as empresas ainda veem o BI como uma grande ameaça ao seu modelo de negócios. Os ataques dos Houthi no Mar Vermelho levaram a interrupções na cadeia de suprimentos devido ao redirecionamento de navios porta-contêineres, enquanto incidentes como o colapso da ponte Francis Scott Key em Baltimore também afetaram diretamente as cadeias de suprimentos globais e locais. As interrupções na cadeia de suprimentos com efeitos globais ocorrem aproximadamente a cada 1,4 ano, e a tendência é aumentar, de acordo com a análise da Circular Republic, em colaboração com a Allianz e outras empresas. Essas interrupções causam grandes prejuízos econômicos, que variam de 5% a 10% dos custos dos produtos e impactos adicionais de tempo de inatividade.
“O impulso para o avanço tecnológico e a eficiência está afetando a resiliência das cadeias de suprimentos. A automação e a digitalização aceleraram significativamente os processos, que às vezes sobrecarregam os indivíduos devido ao ritmo acelerado e à complexidade da tecnologia moderna. No entanto, quando implementadas de forma eficaz, essas tecnologias também podem aumentar a resiliência, fornecendo melhor análise de dados, percepções preditivas e recursos de resposta mais ágeis. É por isso que criar e investir em resiliência está se tornando fundamental para todas as empresas do mundo”, diz Michael Bruch, diretor global de serviços de consultoria de risco da Allianz Commercial.
Mudança climática atinge novo recorde
Estima-se que 2024 tenha sido o ano mais quente já registrado. Foi também um ano de terríveis catástrofes naturais, com furacões e tempestades extremas na América do Norte, enchentes devastadoras, como a do Rio Grande do Sul no Brasil, e na Europa e na Ásia, secas na África e na América do Sul. Depois de cair na classificação durante os anos de pandemia, pois as empresas tiveram que lidar com desafios mais imediatos, a mudança climática subiu duas posições e está entre os cinco principais riscos globais, em 5º lugar em 2025, sua posição mais alta, enquanto o perigo intimamente interligado de catástrofes naturais permanece em 3º lugar, com 29%, embora mais entrevistados também tenham escolhido esse risco como um dos principais ano após ano. Pela quinta vez consecutiva, em 2024, as perdas seguradas ultrapassaram US$ 100 bilhões.
Em todo o mundo, as catástrofes naturais são o risco número um na Áustria, Croácia, Grécia, Hong Kong, Japão, Romênia, Eslovênia, Espanha e Turquia, muitos dos quais viram alguns dos eventos mais significativos de 2024. Na Europa Central e Oriental, bem como na Espanha, as enchentes tiveram um impacto dramático sobre as pessoas e as empresas, enquanto o Japão enfrentou um terremoto na Península de Noto, que resultou em perdas seguradas de US$ 3 bilhões, com perdas econômicas que chegaram a US$ 12 bilhões. No Brasil, em que esse tema está na 3º colocação do relatório, as enchentes do RS de 2024 causaram prejuízos de R$ 3,32 bilhões ao varejo.
Geopolítica e protecionismo permanecem no radar
Apesar da contínua incerteza geopolítica e econômica no Oriente Médio, na Ucrânia e no Sudeste Asiático, os riscos políticos e a violência caíram uma posição, passando para 9º lugar em relação ao ano anterior, embora com a mesma parcela de entrevistados de 2024 (14%). No entanto, esse é uma ameaça mais preocupante para as grandes empresas, subindo para a 7ª posição, ao mesmo tempo em que é uma nova entrada no top 10 de riscos para empresas menores, na 10ª posição.
O medo das guerras comerciais e do protecionismo está aumentando e a análise da Allianz e de outras empresas mostra que, na última década, as restrições à exportação de matérias-primas essenciais quintuplicaram. As tarifas e o protecionismo podem estar no topo da lista do novo governo dos EUA, mas, por outro lado, há também o risco de um “velho oeste regulatório”, principalmente em relação à IA e às criptomoedas. Enquanto isso, os requisitos de relatórios de sustentabilidade estarão no topo da agenda na Europa em 2025.
“O efeito das novas tarifas será praticamente o mesmo da regulamentação (excessiva): aumento dos custos para todas as empresas afetadas”, diz Ludovic Subran, diretor de investimentos e economista-chefe da Allianz. “Entretanto, nem toda regulamentação é inerentemente ‘ruim’. E, na maioria das vezes, é a implementação de regras que dificulta a vida das empresas. O foco deve ser não apenas o número de regras, mas também uma administração eficiente que facilite ao máximo a conformidade. Uma digitalização completa da administração é urgentemente necessária. No entanto, também em 2025, provavelmente ainda estaremos esperando em vão por uma estratégia digital correspondente. Em vez disso, as guerras comerciais estão chegando. A perspectiva não é animadora.”
Fonte: Allianz