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Oportunidades e desafios na abordagem da nova classe média brasileira

Uma historinha contada por Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular Pesquisa, arranca não só risadas da plateia, mas também faz pensar como a lógica do consumidor da chamada nova classe média não dialoga, às vezes, com os manuais de classificação e critérios conhecidos das classes A e B. Eis a história: um casal da nova classe média decide viajar durante as férias e paga previamente o pacote de viagem, incluindo city tour. Tudo corre bem até o dia do passeio. Ao fechar a porta do quarto do hotel com este propósito, o casal vê afixada na maçanete uma plaquinha com o seguinte aviso: “Arrume o quarto”. Surpreso, o casal retorna ao quarto, arruma a bagunça da noite anterior e, lógico, perde o passeio, por ter confundido uma mera instrução da rotina de camareiras.Estranhando a ausência do par, a operadora procura saber depois o motivo e descobre que, entre o casal e o city tour, havia aquela fatídica plaquinha de aviso. E o que dizer da palavra inglesa check -in ser traduzida como chequinho ou coisa de pouco valor…?Sim, há desafios no caminho da abordagem de parte da nova classe média, uma dissonância cognitiva que tem relação direta com diferenças de formação cultural, educacional, econômica e linguística, enumera o especialista.Mas não dá para cruzar os braços e desistir desse importante filão. Afinal, a classe média brasileira assumiu o protagonismo do mercado interno e não há qualquer indicação de que vá sair do pódio nos próximos anos, afirma Renato Meirelles. Pelo contrário, serão cada vez mais numerosos. Eram 38 milhões em 2003, chegam a 54 milhões este ano e somarão 58 milhões em 2023. “É fundamental ter ferramentas de tecnologia, mas nada disso será útil se as empresas não conseguirem se comunicar com a nova classe média brasileira”, afirma ele.Eles têm renda per capita de R$ 320,01 a R$ 1.120,00. Pode parecer pouco, mas, comparando-se à distribuição de renda no mundo, o teto da renda per capita brasileira só é superado por 18% da população mundial, enquanto 54% dos habitantes do planeta vivem com menos de R$ 320, o teto da renda per capita brasileira, destaca Renato Meirelles, autor de uma das palestras do Insurance Service Meeting.A segmentação por clientes é o passo mais importante no sentido de tornar a comunicação efetiva. “Mas é preciso ter em conta que a classe C de São Paulo é totalmente diferente da classe C de Recife”, adverte ele, para quem também o setor de seguros terá de seguir este movimento, saindo de um modelo de linha de negócios para a segmentação dos clientes.Não é uma saída simples, porque o marco regulatório precisa passar por profundas alterações para um dia o mercado não ser mais dividido entre ramos de vida e não-vida, mas modelado para atender às necessidades dos segurados nas mais diversas etapas de sua existência.Sim, é uma conversa longa de quase reinvenção do mercado. Neste rearranjo, não poderá faltar política de relacionamento, comunicação clara e honestidade nas promessas; uso de referências próximas da realidade do consumidor; serviços notados como relevantes pelo segurados e preços justos.

Fonte: CNSEG

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