LRS traz impactos positivos, mas juros altos são um desafio
A Susep autorizou a Andrina Sociedade Seguradora de Propósito Específico, ligada ao IRB(Re), a emitir a Letra de Risco de Seguro (LRS) no segmento S1, em todo o Brasil. Segundo Rodrigo Botti, a LRS, inspirada nos Insurance Linked Securities (ILS), conecta o mercado de capitais ao setor de seguros, ampliando a capacidade do mercado e ajudando a reduzir a lacuna de proteção ao pulverizar riscos e fortalecer o acesso à cobertura securitária.
Porém, os juros altos podem representar um desafio. As LRS são títulos que surgem da securitização de carteiras de seguros e resseguros.
A SSPE funciona como uma intermediária, recebendo prêmios de seguros e emitindo esses títulos para investidores.
Na prática, as Letras transferem os riscos para os investidores, que ganham por assumir esse papel. Ou seja, o objetivo é remunerar o investidor por meio de retornos atrelados a fatores de risco de seguro, parametrizados e facilmente identificáveis, como enchentes, ventanias, granizo e catástrofes climáticas em uma região pré-definida. “Em vez de transferir o risco para o ressegurador, a seguradora transfere diretamente para investidores. Para a seguradora, é uma grande oportunidade pois [ela] ganha mais parcerias, além dos tradicionais de resseguro”, explica Botti.
Segundo o estudo “Lacuna de Proteção para Catástrofes Naturais: Estudo de Caso sobre os Eventos no Rio Grande do Sul durante o Outono de 2024″, da Susep, o Brasil está entre os países com as maiores lacunas de proteção contra catástrofes naturais, ao lado de nações como China, Índia e Itália.
A pesquisa destaca que a lacuna de proteção no Rio Grande do Sul, por exemplo, pode chegar a 93%. “Com a LRS, essa lacuna pode diminuir, pois o mercado de capitais aumenta a capacidade de seguro e resseguro. Elas se aplicam muito bem a seguros para catástrofes”, destaca o especialista.
De acordo com Botti, o maior desafio que o mercado enfrenta no momento é o juro alto. Em situações assim, qualquer outro ativo — não apenas a LRS, mas também ações, crédito, private equity, private debt, imóveis e outros — sofre, porque ninguém quer assumir riscos. “Se você pode ganhar 12,25% de taxa de juros sem risco, por que assumiria riscos? Isso é ruim para todos os ativos de risco, incluindo a LRS. No entanto, acredito que é apenas uma questão de tempo; com o tempo, o mercado deve se adaptar”, diz. Entre os economistas, a expectativa é de uma Selic mais alta em 2025.
Segundo informações do InfoMoney, analistas do Itaú BBA projetam que a taxa deve chegar a 15,00% ao ano até o fim do ciclo, com dois aumentos adicionais de 100 pontos-base e um último ajuste de 75 pontos-base, previsto para a reunião de maio de 2025.
Fonte: CQCS