Inflação global ’empurra’ mais de 71 milhões de pessoas à pobreza
A crise do custo de vida global está empurrando mais 71 milhões de pessoas para a pobreza nos países em desenvolvimento, alertou nesta quinta-feira (7) novo relatório publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Achim Steiner, administrador do Pnud, disse que uma análise de 159 países em desenvolvimento mostrou que o aumento dos preços das principais commodities este ano já afetando partes da África Subsaariana, os Bálcãs, a Ásia e em outros lugares, de acordo com a Reuters.
O Pnud pediu uma ação sob medida, e está buscando doações diretas em dinheiro para os países mais vulneráveis.
Ele quer que as nações mais ricas ampliem a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) que criaram para ajudar os países pobres durante a pandemia da Covid-19. “Altas de preços sem precedentes significam que, para muitas pessoas ao redor do mundo, a comida que eles podiam comprar ontem não está mais ao alcance hoje. Esta crise do custo de vida está levando milhões de pessoas à pobreza e até mesmo à fome a uma velocidade de tirar o fôlego”, disse Steiner.
“Com isso, a ameaça de aumento da agitação social cresce a cada dia”.
Ações dos países
Segundo o relatório, os países têm tentando reduzir os piores impactos da crise recente usando restrições ao comércio, redução de impostos, subsídios aos gastos com energia e transferências diretas de renda.
Para o autor do relatório, no entanto, os subsídios à energia podem ajudar no curto prazo mas, no longo prazo, incentivam a desigualdade. “Eles oferecem algum alívio como um ‘band-aid’ imediato, mas podem causar dano pior ao longo do tempo”, diz George Gray Molina.
Esse tipo de subsídio beneficia desproporcionalmente a população mais abastada, com mais de metade dos benefícios favorecendo os 20% mais ricos.
Em contraste, transferências de renda são dirigidas, em geral, aos 40% mais pobres, segundo o documento. “Dinheiro nas mãos das pessoas que estão sofrendo mais com as astronômicas altas de preços dos alimentos e combustíveis terão um amplo impacto positivo”, diz Molina.
Alta de preços
A Pnud aponta que, nos 12 meses até maio, os preços globais das principais commodities energéticas e de alimentos tiveram altas acentuadas.
Fome no Brasil
Na quarta-feira, relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontou que mais de 60 milhões de brasileiros já sofrem com insegurança alimentar.
O documento mostra que o número de pessoas que lidaram com algum tipo de insegurança alimentar foi de 61,3 milhões praticamente três em cada dez habitantes do Brasil, que tem uma população estimada em 213,3 milhões.
Desse total, 15,4 milhões enfrentaram uma insegurança alimentar grave. Os dados da FAO para o Brasil englobam o período de 2019 a 2021. Os últimos números da instituição revelam uma piora alarmante da fome no Brasil. Entre 2014 e 2016, a insegurança alimentar atingiu 37,5 milhões de pessoas – 3,9 milhões estavam na condição grave.
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