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Fundos devem vender R$ 70 bilhões em títulos públicos

Os fundos de pensão brasileros deverão vender até R$ 70 bilhões em papéis do governo, depois que a queda das taxas de juros levou as autoridades a elevar os limites sobre os investimentos em ativos de renda variável, segundo a SulAmérica Investimentos.
O dinheiro provavelmente vai migrar para os fundos de hedge, bônus corporativos, ações e compras de participações nos próximos três anos, disse Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica, divisão da seguradora Sul América SA. Até R$ 42 bilhões poderão ser canalizados para ações e contribuir para que os fundos cumpram suas exigências de retornos anuais cerca de 6% superiores à inflação, segundo projeções feitas pelo Barclays Plc.
A baixa recorde das taxas de juros está diminuindo os retornos obtidos pelo setor de fundos de pensão, num momento em que o rendimento sobre os títulos do governo de cupom zero (ou seja, de juro zero), com vencimento em janeiro, despencou para 8,74%, em relação aos 14,79% de um ano atrás. A queda fez com que o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizasse, na semana passada, os fundos a se retirarem totalmente das aplicações em ativos de renda fixa e elevasse o limite sobre as aplicações em ações (ativos de renda variável) de 50% para 70%.
“Estamos animados, mas é um desafio enorme, porque nossos retornos são indexados”, disse Sylvio Murad Carolino dos Santos, diretor financeiro da Eletros, o fundo de pensão de R$ 2,3 bilhões de reais dos trabalhadores da Eletrobrás, a maior central elétrica brasileira. “As taxas de juros são descendentes, subam um pouco no curto prazo ou não.”
As autoridades também afrouxaram as restrições sobre a compra de fundos de operações financeiras estruturadas, fundos de hedge, ativos internacionais e imóveis. Até 10% dos ativos podem ser alocados no exterior.
Agentes de mercado preveem que, com as novas regras que permitem maiores investimentos dos fundos de pensão em renda variável, essas entidades vendam R$ 70 bilhões em títulos públicos que atualmente possuem em carteira. A estimativa é de Marcelo Melo, vice-presidente da SulAmérica Investimentos. O banco inglês Barclays espera que R$ 42 bilhões serão direcionados à compra de ações na Bolsa de Valores.
Esperando por essa grande quantidade de recursos, a BM&F Bovespa anunciou ontem a criação de um departamento dentro da entidade para cuidar somente dos fundos de pensão. O diretor presidente da bolsa, Edemir Pinto, contratou José Antonio Gragnani, ex-secretário adjunto do Tesouro Nacional, para comandar o departamento. A Bolsa pretende incrementar o volume de aluguel de ações, instrumento pouco utilizado pelos grandes investidores atualmente.
Mesmo com essa expectativa de chegada de mais recursos no mercado, os investidores parecem estar mais seletivos na hora de escolher as empresas nas quais querem colocar seus recursos. Uma demonstração disso foi o mau desempenho das ações da empresa de tecnologia Tivit, que estrearam ontem na Bolsa com uma queda de 3,33%, cotadas a R$ 14,50. O preço conseguido na oferta realizada na última sexta-feira – R$ 15-, já havia sido menor que o projetado pela companhia em seu prospecto, que era de, no mínimo, R$ 16,50, podendo chegar até a R$ 20.

Fonte: Seguro em Pauta

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