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Dólar fecha abaixo de R$ 3,10, no menor valor desde junho de 2015

O dólar fechou ontem abaixo de R$ 3,10 pela primeira vez em mais de um ano e meio. A queda da moeda americana foi influenciada pelo ingresso de recursos estrangeiros e pela volta da atuação do Banco Central no mercado de câmbio. A moeda recuou 0,53%, fechando em R$ 3,094, menor patamar desde junho de 2015.

Segundo analistas, o real tem sido beneficiado por uma recuperação nos preços das commodities, a expectativa de avanço em reformas estruturais – sobretudo a da Previdência – e a melhora nas projeções macroeconômicas, ainda que discreta.

“É provável que, nas próximas semanas, a moeda americana fique abaixo de R$ 3, a não ser que o Banco Central resolva intervir mais”, diz José Luiz Oreiro, economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Há uma bolha no mercado de renda variável e a entrada de capitais, para aproveitar esse momento, tende a se refletir na apreciação do câmbio.” Do ponto de vista da indústria de transformação, a perspectiva de queda do dólar é terrível, lembra Oreiro. “Esse tinha sido o lado positivo da crise, sinalizava para uma retomada da produção industrial via exportação – agora, isso é miragem.” Para Helcio Takeda, da Pezco, o dólar fecha o ano a R$ 2,90.

A desvalorização, segundo ele, deverá ocorrer por fluxo de capital no mercado de ações e empresas de capital fechado.

“É uma manifestação do otimismo do mercado com o Brasil.

É o reflexo da tendência de melhora dos indicadores econômicos e coincide com a taxa de juros ainda alta, mas com uma tendência de queda. Esse cenário estimula o ingresso de investidores estrangeiros, e ajuda a provocar uma queda do dólar”, diz Gustavo Loyola, sócio da Tendências Consultoria.

No cenário externo, os analistas explicam que, apesar das promessas de campanha de Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos ainda não anunciou nenhuma medida concreta e significativa para redução de impostos ou aumento dos gastos do governo, que tenderiam a alimentar a inflação.

Para Loyola, o real sente a volta do investidor estrangeiro ao Brasil, mas a robustez desse movimento dependerá do sucesso da agenda econômica proposta pelo governo. “A percepção de que o Brasil está mais barato para o investidor de fora transborda para os movimentos do dólar, mas dependerá do progresso das reformas brasileiras e de como Trump irá, de fato, conduzir sua política econômica no futuro imediato.” Após registrar cinco altas seguidas, a Bovespa teve leve queda, de 0,38%, encerrando o dia aos 66.712 pontos. Na segunda-feira, a Bolsa havia fechado em 66.967 pontos, maior nível em cinco anos. A melhora do apetite pelo risco também afetou o desempenho do Credit Default Swap (CDS), espécie de seguro contra calotes, de cinco anos, que caiu para 211 pontos-base,o menor desde 2015.

Fonte: O Estado de São Paulo

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