Cuidado Com o Seu Dinheiro
A economia brasileira vem se estruturando e, embora o crescimento do PIB em 2012 tenha ficado aquém do esperado pelo governo e o mercado mundial, a expectativa de crescimento ainda é grande.
O poder de compra dos brasileiros aumentou, itens que pareciam impossíveis para boa parte das pessoas parecem agora perfeitamente cabíveis dentro das facilidades de crédito e incentivos comerciais. Mas isso também tem um preço. Com esse acesso as pessoas passam a gastar sem muito controle, prova disso é que a inadimplência do consumidor cresceu, segundo dados do Serasa, 15% em 2012.
Esse momento que se apresenta já atinge diretamente a chamada “nova classe média”, que conquistou maior espaço econômico, mas que ainda tem muito que aprender sobre investimentos, lucro, poupança e seguros. E hora de investir em educação financeira. Para garantir tranquilidade em momentos de imprevisto, esse dinheiro conquistado não pode ser desperdiçado em gastos supérfluos.
Nem sempre o que se deseja condiz com o que se pode gastar. Ainda que o cartão de crédito indique que há limite, quais são os limites disponíveis pela sua renda? Educar-se financeiramente em nada tem a ver com soluções mágicas para que o dinheiro se multiplique, mas está ligada às perguntas que você deve fazer a si mesmo sobre o modo como vem administrando seus ganhos, contando também com conselhos de quem entende do assunto, para que seja possível gastar melhor e aumentar a qualidade de vida.
Empresas ajudam a educar
O mercado de seguros aparece com força nesse quadro. Com maior poder aquisitivo as pessoas passam a se preocupar também com segurança em longo prazo. Deixar a família acolhida caso algum acidente aconteça é agora assunto importante nas discussões financeiras domésticas.
Fausto Dórea, presidente do Clube dos Segurados da Bahia, lembra que seguro também é um tipo de investimento e que as empresas buscam fazer com que as pessoas se preocupem mais com esses assuntos “Este ano as seguradoras devem investir mais de R$ 500 milhões para expandir os negócios e atender a demanda de segurados que se preocupam com um futuro melhor”, comenta.
Algumas empresas tem investido em ferramentas para atrair o consumidor. A Mongeral Aegon, por exemplo, desenvolveu recentemente um portal para ajudar nesse assunto. O “Eu Planejo 360 o ” visa uma aproximação com o cliente. “E o momento de investir para que eles possam adquirir produtos que ajudarão no planejamento familiar, planejamento de vida”, diz Leonardo Lourenço, superintendente de Marketing da Mongeral Aegon.
O produto é baseado em algumas perguntas sobre ganhos, gastos e desejos, com foco nas classes C e D. “As pessoas passaram a poder adquirir bens que devem ser protegidos. Essas sobras de renda não existiam, mas agora permitem planejamento do futuro, questões com as quais elas não lidavam antes”, destaca Lourenço.
A ferramenta promete ainda levar o atendimento para fora do mundo virtual, caso o cliente tenha algum tipo de dúvida poderá ser atendido por telefone ou agendar uma visita do corretor em sua casa.
A internet também está sendo utilizada pela Icatu Seguros, que lançou o “Vivendo e Aprendendo” um jogo de aventuras, com foco no público jovem, onde as escolhas que são feitas durante a partida tem impacto direto em seu resultado final. Tudo relacionado,é claro,com as escolhas financeiras. Além de tornar a marca conhecida o projeto procura também tornar seus cliente mais conscientes.
Já a Coface disponibilizou em sua página na internet o “Guia de Crédito Consciente”, que tem como alvo as empresas de médio e grande porte, para que desenvolvam seu gerenciamento de riscos, e corretores. A gerente de marketing da empresa, Carolina Almeida, destaca o que acha mais importante na disponibilização do guia: “decidimos utilizar a internet como principal canal de divulgação deste guia. Para oferecer mais flexibilidade e acessibilidade aos interessados, o conteúdo fica disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana”, conta.
Mulheres e crianças primeiro
A mudança do quadro econômico não está apenas na quantidade de dinheiro que entra, mas também em quem o administra. As mulheres conquistaram seu espaço no mercado de trabalho e são, de maneira cada vez mais frequente, quem sustenta a casa. Mas suas prioridades são muito particulares. Com foco em sua independência, a mulher hoje deixa de ser quem apenas administra o lar, colocando seus sonhos individuais em pauta.
As conquistas femininas são crescentes e têm se refletido nesse novo momento. Não é mais tempo de achar que os homens são os provedores da casa ou que mulheres, solteiras ou casadas, têm maiores dificuldades em desenvolver um plano profissional. Elas mostram que conseguem incluir os gastos como aperfeiçoamento, carreira e cuidados pessoais sem abrir mão da beleza e o bem-estar.
Outro grupo que tem grande importância dentro do assunto, mesmo que seus integrantes não tenham consciência disso, é o de crianças e adolescentes. Quem tem que lidar com uma nova realidade precisa aprender enquanto as mudanças acontecem, mas crianças e jovens têm a vantagem de estar começando a lidar com dinheiro agora e, quanto mais cedo for possível educá-las, mais cedo será eliminada grande parte dos chamados “analfabetos financeiros”.
O primeiro passo para educar essa nova geração deve ser dado em casa. Os responsáveis precisam estar atentos e dar exemplos de inteligência em relação ao dinheiro, limitando os gastos e negando pedidos que fujam do padrão de vida da família, por exemplo. Depois a dica é fazer com que a criança aprenda a consequência de um gasto; é necessário separar uma quantia, de acordo com a idade, e deixar que a criança veja seu dinheiro “indo embora”.
Após o primeiro contato com o dinheiro é o momento da escola também entrar em ação. Hoje pouco é difundida a educação financeira dentro das escolas, mas, para Dórea, é importante que essa mentalidade seja modificada. “Tudo é uma questão de iniciativa. Na China, por exemplo, as crianças já possuem aulas de economia aos 7 anos. Claro que é possível e favorável”, ressalta.
O adolescente entra nesse aprendizado com maiores responsabilidades, pois a quantia administrada deve ser maior, mas as regras também ficam mais rígidas. Caso o jovem gaste tudo que ganha antes do final do mês, os pais não devem
suprir outras aquisições. Ele deve esperar até o próximo mês, pois assim aprende que, caso queira que o dinheiro dure, deve poupar e controlar melhor onde é aplicado.
As dicas para saber lidar com dinheiro podem parecer óbvias, mas nem sempre são facilmente executadas. A primeira coisa a ser feita é saber o valor dos ganhos e o valor das despesas. Para isso, é importante desenvolver uma planilha onde os gastos diários ou, no máximo, semanais sejam anotados. Com o controle detalhado, fica mais fácil perceber para onde o dinheiro está indo e em qual área as despesas deverão ser diminuídas.
Não ter muitos cartões de crédito e verificar se é mais vantajoso juntar o dinheiro para quitar a compra de uma vez são ações que podem salvar as finanças. Se optar por parcelar, o ideal é ter certeza de que o valor da parcela não irá comprometer os gastos fixos.
Para quem já sofre com as dívidas, o conselho é encarar o problema. Colocar na ponta do lápis o que tem para pagar, incluindo gastos mensais e dívidas acumuladas como cartão de crédito, empréstimos pessoais e parcelamento de produtos, priorizando as dívidas que sofrem maiores acréscimos. O que vem recheado de juros deve ser liquidado primeiro, para não se tornar uma bola de neve.
Fonte: CVG Notícias – Clube Vida em Grupo