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Bradesco questiona a incorporação de bancos pelo BB

E afirma ter encontrado respaldo jurídico caso queira discutir na Justiça os processos em andamento de incorporação dos bancos estaduais de Santa Catarina (Besc), do Piaui (BEP) e de Brasília (BRB) pelo Banco do Brasil.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, informou ontem que a área jurídica do banco recebeu pareceres de renomados juristas sustentando que o BB não pode incorporar esses bancos sem haja licitação. O argumento é que o BB é uma empresa privada, de economia mista. “O BB tem acionistas privados, que estariam sendo privilegiados pelo governo. Seria uma venda em desigualdade de condições”, disse Cypriano.
A legislação, continuou o banqueiro, citando a Medida Provisória 2191, artigo 19, de 2001, diz que instituições financeiras públicas só podem ser vendidas por oferta pública.
O Bradesco gostaria de participar dessas ofertas. Até agora, o banco só não disputou um leilão de banco estadual. A eventual compra de um banco estadual – o Besc e o BEP estavam no pipeline da privatização – fazia inclusive parte da estratégia do Bradesco de enfrentar o avanço do Santander que, no final desta semana, deve selar a compra das operações brasileiras do ABN AMRO. “Por esse preço que estão comentando o Bradesco compraria também”, disse Cypriano referindo-se a comentários de mercado de que o Besc custaria R$ 210 milhões ao BB.
Não são só os bancos estaduais ou federalizados que o BB está abocanhando. O governo do Maranhão tirou a folha de pagamentos do Bradesco e a transferiu para o BB. O Bradesco adquiriu o direito de pagar a folha do Maranhão até 2010, quando comprou o Banco do Estado do Maranhão (BEM), em leilão de privatização.
Apesar de ter adquirido o direito de administrar a folha de pagamentos de Santa Catarina com o lance de R$ 210 milhões, em licitação realizada em maio, o Bradesco acabou tendo a vitória impugnada. O próprio governo do Estado voltou atrás, argumentando que o banco perderia o valor na transferência para o BB sem a folha.
O Itaú também foi alvo do mesmo problema. Ontem, o governo mineiro informou ter tirado a folha de pagamento estadual do Itaú e a transferido para o BB.
“Esse tipo de atitude de rompimento de contratos desestimula a participação nos leilões de folha de pagamento do setor público no país inteiro”, disse Cypriano, que participou, ontem, de apresentação a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).
Na ausência de oportunidades entre os bancos estatais, Cypriano vislumbra a possibilidade de aquisição de bancos médios e pequenos e a alternativa orgânica. O Bradesco tem 35 milhões de clientes se forem considerados todos os produtos como seguros e capitalização. Apenas a metade – 16,9 milhões – tem conta no banco.
O Bradesco também informou, ontem, ter aplicado US$ 30 milhões do seu fundo de investimento em participações (FIP) na Empresa de Investimento em Energias Renováveis S.A. (Ersa), que atua na área de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). O fundo terá até R$ 2 bilhões em recursos próprios do banco de investimentos BBI.

Fonte: Valor

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