A gênese das relações abusivas e sua expressão no ambiente corporativo
As relações abusivas são entendidas como aquelas onde existe abuso físico, mental ou emocional entre as pessoas que delas participam. O conceito de Relação Abusiva é tema constante no universo feminino, notadamente quando falamos de relações de cunho amoroso. Apesar de falarmos mais frequentemente do tema ligado a este tipo de relação, as Relações Abusivas estão presentes no ambiente familiar, social, corporativo, ou em qualquer outro tipo de relação.
Como toda relação, uma Relação Abusiva também é construída ao longo do tempo e não tem tanta relação com papéis pré-definidos de vítima e agressor, como estamos acostumadas a pensar.
Em termos cronológicos, pode-se dizer que uma Relação Abusiva, de qualquer tipo, começa quando duas pessoas com uma baixa autoestima e, portanto, uma altíssima insegurança, se encontram. Uma dessas pessoas fará todo o possível para agradar a outra, fazendo concessões e comprando, por assim dizer, o discurso de que é insuficiente.
Note-se que tal insuficiência, pode ser intelectual, emocional, física, mental, ou qualquer outra, real ou não. Em todos nós existe um ponto ou mais onde nos achamos “menores” ou inadequados. É no momento em que esse ponto é tocado pelo outro na relação que se dá o início de um ciclo de abusos que tende a crescer cada vez mais.
Se de um lado temos uma pessoa buscando mudar e melhorar-se continuamente para angariar a aceitação e o afeto do outro, na outra ponta temos uma pessoa que sofre dos mesmos males, porém que vendo o esforço em ser agradada, ao invés de entender esse movimento como uma busca de aceitação e de apaziguamento da relação, entra em um profundo conflito por não conseguir compreender que suas inadequações não sejam vistas pelo outro e passa a desconfiar das “verdadeiras razões” que levam o outro a agir como está agindo.
Esse desconforto, que é imenso, leva a pessoa a acirrar as críticas e o apontamento contínuo de defeitos, que na maioria das vezes sequer existem. Enquanto isso, a pessoa que inicialmente se dispôs a fazer concessões vai sendo minada dia a dia em sua autoestima e acaba por acreditar que era muito mais inadequada do que inicialmente acreditava.
Esse ciclo segue num movimento crescente, até que de alguma forma se torna insuportável para uma das duas partes e termina de forma brusca, às vezes, como sabemos, até trágica.
Lancemos, então, um olhar mais profundo sobre como esse tipo de relação se manifesta no ambiente corporativo. O padrão mais comum é a eterna sensação das mulheres em terem que se provar constantemente num ambiente que é eminentemente masculino.
Importante salientar que a estruturação de um ambiente corporativo masculino, não está ligada a que os cargos de direção ou mesmo de presidência estejam na mão de um homem, as mulheres se empenham tanto em adaptar-se ao mundo corporativo que compram o modelo pré-existente e buscam enquadrar-se nele, preservando a construção masculina já instalada.
A descaracterização de um(a) colaborador(a) em qualquer nível, seja intelectual, de postura, de vestimenta, de expressão, de características físicas, já é o início de uma relação abusiva se construindo. Cede-se para não perder o emprego, para garantir o sustento, por imaginar-se que diante de um esforço contínuo de melhoria dos pontos que lhes são apontados será possível alcançar uma melhor posição ou mesmo, única e tão somente, o respeito da corporação e dos colegas.
Assim como em qualquer outra relação, nunca se chega “lá” e, ao final, seja por não suportarmos mais, ou por nos termos tornado insuportáveis diante da pressão insustentável a que nos vemos expostos, a relação acaba terminando.
Poderíamos discorrer por páginas e páginas a respeito do assunto, mas ao final desta análise, gostaria de finalizar entregando a melhor receita que conheço para evitar Relações Abusivas em qualquer ambiente:
ACREDITE EM VOCÊ!