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SulAmérica aumenta distribuição de lucro e descarta saída do ING

Os mais de 2 mil acionistas da SulAmérica receberam anteontem uma boa surpresa: o repasse de R$ 103 milhões em dividendos do lucro de R$ 416 milhões que a seguradora registrou em 2008. “Distribuímos 27% a mais em dividendos do que a empresa teria que pagar aos acionistas”, afirmou o vice-presidente corporativo de relações com investidores da SulAmérica, Arthur Farme, num encontro com investidores e analistas de mercado promovido ontem, no Recife, pela regional Nordeste da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).
O desempenho, segundo Farme, faz parte do recorde de crescimento registrado pela SulAmérica nos últimos três anos e que deve continuar em 2009, numa média entre 5% e 7% sobre o ano passado, ou cerca da metade dos 12% de aumento de 2008 em relação a 2007. “Crescemos acima da meta traçada para o ano passado, que era atingir R$ 380 milhões em lucro, numa projeção realista, mas não conservadora”, revela. A saúde financeira da empresa pode ser atestada pela sobra de R$ 750 milhões como resultado do IPO realizado em outubro de 2007, quando a SulAmérica captou R$ 775 milhões no mercado acionário. Os recursos foram usados na liquidação de dívidas de curto prazo e investimentos para o crescimento da companhia, que conseguiu multiplicá-los a ponto de ter praticamente o mesmo volume no caixa.
Com esse lastro, a seguradora continua analisando possíveis aquisições de empresas de áreas que têm força, como seguro saúde e automóveis, responsáveis por 80% da sua carteira total. Não descarta, ainda, investimentos em novos segmentos como os seguros ligados ao crédito, à perda de renda, a viagens, cujas taxas de prêmios são baixas e têm chances de ampliar a atual participação nos negócios da empresa, que hoje varia de 2% a 3% da carteira.A versão do mercado, no entanto, é diversa. Nesta semana, a Itaú Corretora divulgou relatório que destaca a saída do grupo financeiro holandês ING da sociedade que mantém com a SulAmérica desde 2002, por conta de problemas enfrentados na matriz em função da crise internacional. Há ainda a sugestão de que, em fase de reestruturação da área de seguros, o Banco do Brasil (BB) desfaça a parceria societária com a seguradora na Brasilveículos, cujo principal cartão de visita é uma carteira com 800 mil carros segurados. Outra conjectura difundida no mercado segurador é uma eventual fusão operacional.
Arthur Farme prefere não alimentar as especulações de que o sócio ING, que detém 45% da composição acionária da SulAmérica, sairia do negócio e nega as notícias. “Não existe nenhuma dependência operacional, financeira, de seguros, qualquer tipo de garantia que seja dado pelo ING à SulAmérica. Ele se envolve no processo decisório, mas a companhia não depende operacionalmente dele”, diz Farme, assegurando que a sociedade vai muito bem, regada pelos lucros da SulAmérica. “É uma parceria muito produtiva e não tem nada do nosso conhecimento de que o ING vá rever sua posição nessa parceria.” Neste contexto, o executivo não chega a considerar a possibilidade de o BB vir a assumir o lugar do ING.
Mesmo assim, o ING segue sua política de venda de ativos para se capitalizar, principalmente em negócios considerados secundários pela direção do conglomerado financeiro, caso dos seguros gerais. A instituição prefere centrar forças em produtos de acumulação. Neste ano, o ING levantou mais de US$ 3 bilhões ao vender parcelas societárias em seguradoras no Canadá e na Argentina.
A meta da organização é captar EUR 8 bilhões. Em fevereiro, o ING anunciou revisão das operações logo após prejuízo de EUR3,71 bilhões no último trimestre do ano passado e socorro de EUR 10 bilhões do governo holandês. “As atividades de seguro de vida na China e no Japão estão sendo revisadas. Nos EUA, o ING irá explorar opções estratégicas em benefícios corporativos e atividade de resseguro”, disse Christian Vondenbusch, analista da Robeco Asset Management, na Holanda, à Bloomberg News nesta semana.

Fonte: Gazeta Mercantil

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