Seguro pode bancar custos com a defesa do executivo da Sadia
Na posição de réu pela perda de R$ 2,5 bilhões com derivativos, Adriano Lima Ferreira pode não gastar sequer um tostão de seu bolso com o processo judicial que a Sadia prepara contra ele. Ferreira disse que a empresa de alimentos conta com a proteção do seguro de responsabilidade civil para administradores e diretores, conhecido no mercado segurador como D&O (directors and officers) – apólice oferecida pela companhia para cobertura pessoal a executivos em caso de negligência ou erro profissional.
A conta do litígio envolvendo Ferreira deverá ser encaminhada às seguradoras Chubb e Bradesco Seguros, contratadas pela Sadia com serviços da corretora Marsh. Cogita-se no mercado que a segurada acionou a apólice. Nenhuma das empresas comentou. “A partir de agora, a Sadia contratará escritório de advocacia especializado, e só se pronunciará em juízo”, resume comunicado divulgado ontem pela Sadia.
Guilherme Mendes, diretor de produtos financeiros da AON, corretora que trabalha com D&O, explicou que, normalmente, a apólice protege o executivo de reclamações de terceiros, mas há produtos que contemplam processos requeridos pela própria contratante do seguro. “Há apólices que incluem reclamações da empresa contra seus executivos. Procuramos apresentar apólice completa para nossos clientes”, explica. O fato de Ferreira não ter mais vínculos empregatícios com a Sadia (ele foi demitido do cargo de diretor financeiro após a crise dos derivativos, em 25/9/2008) também não impede que ele receba os benefícios do D&O. “As despesas da defesa estariam amparadas pelo seguro, sim. Mesmo porque a companhia pode tê-lo mandado embora injustamente.”
Os seguros D&O movimentaram cerca de R$ 100 milhões no ano passado. A crise acelerou a procura e os sinistros relacionados ao seguro, que passaram de R$ 3milhões para R$ 9 milhões em um ano. Das 1.200 apólices em vigência no mercado, 270 foram fechadas pela AON. O maior limite de indenização de uma única apólice da corretora chega a R$ 150 milhões, pertencente a um banco.
Fonte: Gazeta Mercantil