Acidentes zero. Atenção, segurados
Que as arquibancadas não me crucifiquem: arguir a sensatez da proibição de dirigir alcoolizado não faz parte de meus delírios. Mas não acho inquestionável a imposição do limite de 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido. E evoco o bom senso do jornalista Boris Feldman, que, em recente artigo, lembrou: o que reduziu o número de bêbados ao volante foi a fiscalização, não a tolerância zero. “Se a polícia fizesse valer o limite anterior – 6 decigramas de álcool por litro de sangue (equivalente a 0,3mg por litro de ar expelido) -, o resultado seria rigorosamente o mesmo”, destacou o profissional, um dos mais respeitados do País no segmento de automobilismo. “E a nova lei não estaria exposta ao ridículo de ter que abrir complexas e intrincadas exceções para quem estivesse ingerindo xarope contra a tosse”. Bastaria fiscalizar. Mas vá lá. Uma vez que a Lei Seca é irrevogável, vamos ver, à luz da sobriedade, como fica a questão dos seguros de carro.
O Sindicato dos Corretores de Seguro do DF anuncia a possibilidade de o brasileiro gastar menos. “Deixando de dirigir alcoolizado, o condutor evitará acidentes”, destaca o presidente da entidade, Dorival Alves de Souza, em nota distribuída à imprensa. “Sem acidente, não haverá sinistro e, automaticamente, será maior o lucro da companhia seguradora.
A empresa poderá transferir o desconto para o segurado”. Se as indenizações pagas por acidentes representam 54% do que é desembolsado pelas seguradoras e considerando que o número de acidentes diminuiu de maneira admirável após a Lei Seca, pressuponho direito de pagar menos pelo seguro de meu carro. E, pelo que percebi na declaração do presidente do Sincor-DF – li várias vezes o informe e asseguro estar no gozo de minhas faculdades mentais, sem adição de qualquer alterador de consciência -, não me encontro sozinho nessa reivindicação. Menos chegado a um pilequinho do que ao prazer de dirigir sem ser importunado, bem como ao desembolso justo de taxas de manutenção fazemos seguro porque a segurança propriamente dita não dá conta de conter os roubos -, quero, sim, pagar menos. Vamos ver quem segura essa.
Fonte: Escola Nacional de Seguros