Mercado de SegurosNotícias

Sonae planeja ampliar negócios no Brasil

Cynthia Malta, de São Paulo
O Sonae, o maior grupo varejista de Portugal, está com novos planos para o mercado brasileiro. Além da expansão no setor de shopping centers, seu braço mais visível no país, o CEO do grupo, Paulo Azevedo, pretende ampliar os negócios na área de seguros, via aquisições; e começa, também neste ano, a abastecer sua rede de lojas na Europa com produtos brasileiros, em especial artigos de cutelaria, têxteis, frutas, carnes e peixe. Os planos para o Brasil – onde o grupo chegou em 1989 pelas mãos de Belmiro Azevedo, pai de Paulo e CEO do grupo por 40 anos – também contempla a vontade de ser reconhecido como um conglomerado que atua em diversos setores e com posições de liderança na Europa, como operador de centros comerciais, e no mundo, como fabricante de painéis de madeira (MDF). “Somos mais conhecidos no Brasil pela atividade de varejo, mas atuamos em diversos setores”, diz Paulo, que antes de assumir o cargo de principal-executivo do grupo, em maio do ano passado, comandou a divisão de telecomunicações e tecnologia de informação do grupo.
O jovem executivo de 42 anos também diz que seu pai, um dos homens mais ricos de Portugal, é lembrado de forma equivocada pelos brasileiros. “Dizem que meu pai não gosta do Brasil, mas ele adora o Brasil!”, observa Paulo, acrescentando que todo o ano Belmiro faz questão de passar o Ano Novo em terras brasileiras.
A fama de genioso, de empresário sem papas na língua, provavelmente, cristalizou-se quando Belmiro começou a reclamar dos resultados ruins que os supermercados do grupo registravam no Brasil. Em janeiro de 2004, Belmiro chegou a reclamar ao presidente Lula, num encontro em Davos, na Suíça, que não conseguia recuperar os investimentos feitos no país. Um ano depois, vendia os supermercados à gigante americana Wal-Mart, deixando de operar no setor supermercadista brasileiro.
Paulo, agora, quer ampliar a parceria com a família Feffer, dona da fabricante de celulose Suzano e sócia dos Azevedo na seguradora Lazam-MDS no Brasil. Está previsto um investimento de 35 milhões de euros na Lazam-MDS neste ano e a prioridade é comprar outras corretoras de seguros. O CEO também quer operar no mercado de resseguros.
Para operar a trading company que o grupo está abrindo em São Paulo, estão sendo contratados quatro profissionais. Sua tarefa será comprar produtos brasileiros para abastecer a rede de varejo abrigada no guarda-chuva Sonae Distribuição. A trading no Brasil é a terceira aberta pelo grupo, depois de Hong Kong e Índia.
“Estamos iniciando a segunda rodada de expansão da Sonae Distribuição”, diz Paulo, que cita Espanha, Turquia, Romênia e Marrocos como países escolhidos para abrigar os diversos formatos de lojas do grupo – desde hiper e supermercados até marcas especializadas em roupa, artigos esportivos e eletrodomésticos, dentre outras. Como varejista, o grupo orgulha-se de ter lançado o formato de hipermercado em Portugal, em 1985, e na área de shopping center, lembra Paulo, o projeto de internacionalização começou pelo Brasil. Aqui, a Sonae Sierra é dona de nove shoppings, já em funcionamento, e está com mais três em carteira a serem abertos em ainda neste ano, em Manaus (AM), em 2009, em Londrina (PR), e em 2010, em Uberlândia (MG).
E por que o grupo não usa os shopping centers que possui no Brasil para abrigar as demais bandeiras de seus portfólio? São dois os motivos principais, explica Paulo: primeiro, os negócios do grupo devem se sustentar por si e crescer com independência e, em segundo lugar, o mercado brasileiro é muito grande, por isso a opção de começar a expandir as redes de roupas e artigos esportivos, por exemplo, em países menores e mais próximos de Portugal.
Na América Latina, além do Brasil, o CEO do Sonae diz que vem fazendo viagens de estudo na Colômbia, mas ainda sem definições. “A Colômbia foi uma surpresa para nós. Há um progresso incrível naquele país”.
Além do varejo, o principal negócio do grupo, o CEO do Sonae abre um sorriso quando fala de outra operação no Brasil que, embora pequena, mostra potencial de expansão. Trata-se da WeDo, consultoria que vende, por exemplo, softwares capazes de agilizar a cobrança das contas de operadoras de telefonia. Começou a operar em 2002, trabalhando para a Oi, do grupo Telemar. Em 2007, faturou R$ 12,5 milhões, com prejuízo de R$ 900 mil.
Mas o CEO prevê que até dezembro a WeDo esteja faturando o equivalente a 50 milhões de euros, vendendo, também, softwares que detectam fraudes. A meta para 2010, diz ele, é de 100 milhões de euros. Até 2006, a Sonae.com, divisão à qual pertence a WeDo, contava, também no Brasil, com a Enabler, sediada em Curitiba. Ela foi vendida ao grupo indiano Wipro. A venda, explica Paulo, tem a ver com a estratégia de investir em um novo negócio, fazê-lo crescer e depois passar adiante, quando atinge determinado patamar. “A Sonaecom tem projetos de desenvolver empresas que faturem até 50 milhões de euros. Depois disso, podemos vender”.
Curiosamente, o maior faturamento do grupo português no Brasil se dá na indústria. A Tafibrás, dona da Tafisa, que fabrica aglomerados de madeira (MDF) no Paraná, chegou em 2007 a faturar R$ 410,7 milhões, com lucro líquido de R$ 60,1 milhões. Em janeiro, a chilena Masisa havia comprado 45,68% da Tafibrás das mãos da Brascan por US$ 70 milhões. Mas as conversas para unir os negócios dos grupos chileno e português não deram certo e o Sonae comprou os 45,68% na Tafibrás, ficando como único dono da Tafisa e da Tafibrás. Pelo acordo, no próximo dia 31 o Sonae pagará 48 milhões de euros à Masisa. Paulo não tem planos de buscar um novo sócio para a Tafibrás. O mercado imobiliário tem mantido as vendas aquecidas e, por enquanto, a Tafibras parte para competir com a ex-sócia Masisa, a Duratex e a Satipel.

Fonte: Valor

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?