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Droga domina o cinema nacional

Com pouco mais de 20 anos, o estudante de Comunicação da PUC-RJ ganhava R$ 75 mil por mês com a distribuição da droga na zona sul e, numa única transação internacional, chegou a embolsar US$ 100 mil. A vida boa que levava só acabou em 1995, quando, preso pela Polícia Federal, foi parar em um manicômio judiciário. Por sorte, ele cumpriu pena como consumidor – ao convencer a Justiça de que era mais dependente do que traficante -, sendo solto dois anos depois.
“Sobrevivi e acabei reconstruindo a minha vida”, conta Estrella, de 46 anos, que hoje atua como músico e produtor musical. Mas foi pensando naqueles que ainda se arriscam no mundo das drogas e não têm uma segunda chance que ele resolveu contar a sua história. Primeiro no livro “Meu Nome não É Johnny”, lançado pela Record em 2004, assinado pelo seu primo,o jornalista Guilherme Fiúza. E agora no filme homônimo, uma produção da Sony Pictures e da Downtown Filmes, em que é interpretado nas telas pelo ator Selton Mello. A adaptação chega ao circuito comercial em 4 de janeiro, com direção de Mauro Lima.
“O filme faz jus à minha trajetória, reproduzindo até o meu senso de humor. Sem rir de mim mesmo, não teria agüentado tudo aquilo”, diz o músico. Filho de um gerente de banco, Estrella começou a traficar quase por acaso. Como tinha encomendado 5 gramas de cocaína para dividir com os amigos, mas estes desistiram, ele não teve como pagar o traficante. Então se ofereceu para vender a mercadoria, iniciando assim vida no tráfico.
“Como isso pode acontecer com qualquer um que consome drogas, meu objetivo é estimular o diálogo. É preciso olhar o problema com mais profundidade”, afirma Estrella. “Muda a substância, mas a história se repete. Os jovens da classe média de hoje trocaram a cocaína, que era a droga da moda na minha época, pelo LSD ou ecstasy. Mas eles continuam arriscando o pescoço. Até porque são poucos os países que entendem a problemática, como a Holanda, que combate o tráfico e não o usuário.”
“Meu Nome não É Johnny” é mais um representante do cinema nacional que tem a questão das drogas como tema. Depois do sucesso “Tropa de Elite”, novas produções incluem títulos como o thriller “Federal” e os dramas “Condomínio Jaqueline” e “O Signo da Cidade”, além dos documentários “Juízo” e “Raul – o Início, o Fim e o Meio” (leia texto ao lado).
Defensor da legalização das drogas, Estrella não concorda com a idéia de que a classe média ajuda a sustentar a violência nos morros do Rio, um dos pontos polêmicos de “Tropa de Elite”. O filme brasileiro mais visto do ano, com mais de 2,3 milhões de espectadores nos cinemas, enfoca que só existe o tráfico de drogas porque não faltam consumidores. “É muito fácil achar um culpado. Assim, o Estado não se sente tão responsável”, comenta. O músico diz acreditar ter dado a volta por cima por ter recebido uma pena relativamente branda – depois de seus advogados provarem que ele traficava para garantir o próprio consumo.

Fonte: Valor

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