AmBev assume marca e distribuição da Cintra
A AmBev anunciou ontem que assumirá a marca e a distribuição da Cintra por US$ 10 milhões, valor previsto em contrato. José de Souza Cintra teve um prazo de seis meses para encontrar um comprador, mas como não houve oferta maior, a AmBev – que já havia comprado as duas fábricas da Cintra em março por US$ 150 milhões – ficará com os ativos.
A AmBev divulgou comunicado ao mercado dizendo que “como o referido prazo findou sem que a marca fosse alienada, a AmBev e o Sr. Cintra estão tomando as providências necessárias para implementar a transferência da marca para a AmBev. Até que tais providências sejam finalizadas, a referida marca continua pertencendo ao Sr. Cintra”.
A empresa informou, ainda, que não existe qualquer plano de extinção da marca Cintra e que continuará a manter os investimentos correspondentes, em linha com os últimos trimestres.
Dona de 68% de mercado, a AmBev terá que passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que já está analisando a compra de das unidades fabris de Piraí (RJ) e Mogi Mirim (SP). A AmBev chegou a assinar um acordo com o órgão comprometendo-se, até o julgamento final da aquisição, a manter produção, vendas e distribuição independente da Cintra, além do o mesmo investimento em marketing dos 12 meses anteriores à compra. Agora, o Cade analisará a aquisição da marca e distribuição.
Em setembro, a Cintra tinha participação de mercado nacional de 0,9% em setembro. Na região do Rio de Janeiro – onde está concentrada a distribuição – a fatia é de 5,1%. Nos últimos seis meses, toda a operação da Cintra ficou sob responsabilidade da AmBev, inclusive a política de marketing e preços. Pouco mais de um mês depois de assumir a Cintra, a AmBev começou a produzir o refrigerante H20H! em Piraí (RJ). Em junho, teve início a produção de Brahma e em julho, de Antarctica. A unidade de Mogi Mirim (SP) produz hoje as cervejas Brahma, Antarctica e Caracu.
Os cerca de 50 distribuidores Cintra, que chegaram a entrar com ação reivindicando direito de preferência na negociação da marca, parecem satisfeitos com o desfecho. “A AmBev ainda não nos comunicou muita coisa porque dependia da venda e ainda espera a decisão do Cade, mas é importante ficar nas mãos de quem tenha dinheiro para investir”, afirma Nelson Fraga, diretor-executivo da Associação Nacional dos Distribuidores Cintra. Os revendedores exclusivos têm contratos até 2011. Em caso de rescisão dos contratos, a AmBev também é vista como uma empresa que teria condições de arcar com os elevados custos.
Fonte: Valor
