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Minha jornada pós licença-maternidade: os desafios de uma promoção inesperada e a importância da rede de apoio no trabalho

Aos 39 anos, tornei-me mãe do Rafael e tive direito a 6 meses de licença-maternidade. Enfim, chegou a hora de voltar ao trabalho – um momento delicado e especial, repleto de questionamentos, dúvidas, inseguranças e dilemas.

Meu bebê ficará bem em casa?

Como vou me readaptar à intensa rotina diária de trabalho?

Como equilibrar todos os meus papeis ao mesmo tempo?

Tenho lugar para tirar leite na empresa?

E a introdução alimentar?

Queria tanto poder participar mais ativamente desse momento… será possível?

Como serei acolhida novamente na empresa?

Será que vão respeitar meu momento com um pouco mais de flexibilidade de horários?  

Lidar com todos esses desafios exige planejamento, suporte emocional e uma postura flexível para se adaptar às mudanças. Cada mãe enfrenta uma situação única e é importante buscar apoio e recursos adequados para vivenciar essa nova realidade de forma saudável.

No meu caso, essa experiência já intensa veio com um convite inesperado – uma história muito bonita que gostaria de compartilhar com vocês.  

A surpresa da promoção

Algumas mudanças estavam ocorrendo na empresa e, 3 dias após o meu retorno, recebi uma ligação do CEO da Marsh McLennan Brasil, Eugênio Paschoal: “Olá Priscila, já voltou de licença?” – e eu respondi: “Já, sim”. E ele: “então, vamos conversar”.

Nesse bate-papo, recebi uma oferta para ocupar a posição de Diretora Nacional de Vendas da Marsh Brasil – um projeto super disruptivo e desafiador, que me permitiria assumir a liderança de vendas para todas as linhas de negócios entre riscos, benefícios e afinidades.

Minha resposta? Claro que aceitei! Afinal de contas, novos desafios me movem!  

Felizmente, havia planejado a minha volta ao trabalho com muito cuidado. Fiz um curso de quase 50 horas com o tema “Como voltar ao trabalho em paz”, que me ajudou muito a estruturar a rotina de sono do meu filho, a logística de produção e congelamento de leite, as demandas de introdução alimentar e as novas dinâmicas de gestão da casa com a presença de um bebê.

A rede de apoio no trabalho tem sido fundamental

Logo após aceitar esse desafio profissional, recebi uma ligação muito gentil das Diretoras de RH Latam e Brasil perguntando como eu estava e como estava minha estrutura em casa após a chegada do Rafael.

Elas se preocuparam em entender o que seria prioridade para mim naquele momento, pois a intenção da empresa era me acolher para que eu pudesse estar bem mentalmente e dividir meu tempo entre as demandas familiares e profissionais de forma equilibrada.  

Eu respondi que chegar em casa até as 18h para dar banho no meu filho e colocá-lo para dormir era algo muito importante para mim. Então, elas recomendaram que eu bloqueasse a agenda a partir das 17h e priorizasse esse momento tão especial e único. A companhia ainda me proporcionou o suporte de um projeto super especial dedicado a todas a mamães recém-chegadas da licença-maternidade.

Confesso que não esperava tamanho carinho, atenção e acolhimento. Fiquei muito surpresa positivamente e isso me ajudou demais. Segui ainda mais motivada por trabalhar em uma empresa que realmente se preocupa com o bem-estar dos seus colaboradores.   

Vale a pena seguir o exemplo

Sei que o que aconteceu comigo não é algo tão usual: quando conto minha história, as pessoas realmente se comovem com uma atitude tão diferenciada. Por isso, fico feliz em poder multiplicar essa mensagem e levar esperança às mulheres que desejam ser mães, mas estão apreensivas quanto ao impacto na vida profissional.

Ao se posicionar a favor de um ambiente de trabalho inclusivo e que valoriza a diversidade e as experiências de vida das suas colaboradoras, as organizações não podem esquecer de cuidar das mulheres que retornam da licença-maternidade. Alguns princípios e programas ajudam a criar um ambiente mais acolhedor:  

1. Políticas de licença-maternidade estendida

2. Programas de apoio à volta ao trabalho após a licença-maternidade

3. Política de amamentação

4. Mentoria e acompanhamento

5. Horários flexíveis

6. Igualdade de oportunidades de desenvolvimento e carreira

7. Avaliações de desempenho justas

8. Igualdade salarial

9. Benefícios da saúde mental

10. Cultura de respeito, com comunicação aberta e empática

11. Conscientização sobre vieses de gênero   

 Que a minha história sirva de inspiração para outras mulheres e para empresas que buscam construir uma cultura organizacional mais inclusiva, humana e empática. Afinal, a valorização e o apoio às mães não são apenas diferenciais de uma marca empregadora, mas um princípio fundamental para construirmos juntos uma sociedade mais justa e próspera.  

Priscila Clark

Diretora nacional de vendas na Marsh McLennan.
Formada em Publicidade e Propaganda, certificada pela ENS como corretora de seguros e underwriting. Fiz especialização em Geofísica do Petróleo pela PUC-RJ e sou Green-belt pela metodologia Six-Sigma, MBA executivo no Insper Institute e Master TGM pelo INSEAD na França.

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