O Poder da Bolsa
As diferenças entre homens e mulheres na educação, no salário, na saúde e representação na política tem diminuído em países com características comuns como Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) e Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Coreia do Sul, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietnã, países do N-11, classificados pelo Goldman Sachs como economias promissoras. Com isso, as mulheres ganham mais influência e poder de tomada de decisão dentro das famílias e nos mercados. Estudos nas economias desenvolvidas mostram evidências de que o poder dentro de uma família depende significativamente do tamanho da renda; sendo a renda média relativa mais importante do que a renda atual. Quem trabalha por conta própria também tem mais poderes. Um estudo econômico sobre as mulheres foi divulgado pelo Goldman Sachs Global Markets Institute com o título de The Power of the Purse: Gender Equality and Middle-Class Spending. Traduzindo ao pé da letra temos O Poder da Bolsa: Igualdade de Gênero e os Gastos da Classe Média. Mas essa bolsa não é a Bolsa de Valores, refere-se ao acessório feminino básico. Assim sendo, esse trabalho foca a importância da mulher no crescimento econômico e nas mudanças demográficas. O aumento da renda das mulheres sugere que as famílias não só vão gastar mais como vão gastar diferentemente. As taxas de poupança também devem crescer nesses países. Parece que há grande demanda não atendida entre as mulheres por veículos de investimentos para que ativos da família passem a seu controle. Em países com sistemas bancários limitados, como a Índia, aproximadamente metade da riqueza da família estão em ativos reais como terra, equipamentos e jóias. As prioridades de gastos das mulheres também são diferentes. Notavelmente somos as responsáveis por comprar os produtos e serviços que melhoram o bem-estar da família. Setores como os de alimentação, cuidados pessoal e limpeza, educação, cuidados infantis, roupas, bens duráveis e serviços financeiros, devem se beneficiar com essas mudanças. No Brasil, a participação na população economicamente ativa das mulheres com idade para trabalhar (15 a 64 anos) passou de 39% em 1990 para 60% em 2007, crescimento de mais de 50% nesse período. Mas ainda ganhamos apenas 57% do salário dos homens. No entanto, a igualdade de gêneros não depende apenas de medidas estatísticas. Normas sociais, leis e instituições podem, separada ou conjuntamente, reforçar a desigualdade limitando a atuação das mulheres. Em muitos desses países ainda encontram-se obstáculos legais incluindo herança de leis que favorecem filhos homens, direitos que falham ao proteger a propriedade das mulheres, leis de divórcio que outorgam ao marido a custodia dos bens e dos filhos e restrições formais de acesso ao crédito às mulheres. O estudo também levantou as empresas com exposição à convergência da renda e a igualdade de gêneros. Das vinte e uma empresas listados na categoria bens duráveis/cuidados pessoais/alimentos, oito são brasileiras: Pão de Açúcar, Drogasil, Hypermarcas, Lojas Renner, Natura, Sadia-Perdigão e também Casas Bahias e Magazine Luiza, que não são empresas de capital aberto. No setor imobiliário de cinco, duas são brasileiras: BR Malls e Multiplan Empreendimentos Imobiliários. No setor educacional de cinco, uma é brasileira: Kroton Educacional. No Brasil, as coisas não devem mudar muito ainda nos próximo cinco anos. Mas até 2015 as mulheres decidirão a maior parte das despesas da família. Pelo menos é o que diz o estudo.