Tecnologia

Fintech global lança marca no Brasil e prevê investimento de R$ 90 milhões

A It’sSeg, uma plataforma de gestão de seguros e benefícios corporativos do Brasil, adota oficialmente a marca Acrisure a partir desta semana. A mudança é mais do que um rebranding: representa o início de uma nova fase de crescimento, marcada pela consolidação da operação brasileira dentro da estratégia internacional da fintech americana — uma das maiores corretoras de seguros do mundo, que chegou ao Brasil em 2022 com a aquisição da It’sSeg.

“Com o lançamento da marca Acrisure no Brasil, entramos em uma nova fase de expansão dos negócios no mercado local”, afirma Thomaz Menezes, fundador da It’sSeg e agora CEO da Acrisure Brasil e Head da América Latina. “Com os mesmos times, agora sob um novo nome, vamos ampliar nosso portfólio de soluções e buscar aquisições seletivas com base em geografia e especialização.”

A decisão de reforçar a presença no país vem num momento em que o Brasil enfrenta incertezas econômicas e políticas. O que mais afeta é a falta de previsibilidade, segundo investidores tem comentando em entrevistas publicadas pela grande mídia. Segundo eles, mudanças abruptas como o aumento do IOF geram insegurança e adiam investimentos. “Já tínhamos duas aquisições no pipeline e resolvemos segurar. Apesar disso, temos o privilégio de atuar em um setor subpenetrado, com grande potencial de crescimento das vendas de seguros em praticamente todos os nichos, principalmente com grande demanda por infraestrutura, turismo, aeroportos, portos e energia renovável.”

Sob o comando de Menezes, a empresa mantém sua estrutura operacional, com 880 colaboradores, um portfólio de 1,5 mil clientes corporativos e 2,1 milhões de vidas seguradas. Desde sua criação em 2014, a It’sSeg protagonizou um agressivo movimento de consolidação no mercado brasileiro, realizando 15 aquisições de corretoras — a mais recente foi a FINN. Em 2024, a It’sSeg fechou com R$ 5,8 bilhões em prêmios administrados.

A Acrisure pretende manter o ritmo de crescimento orgânico acima de dois dígitos e realizar fusões e aquisições estratégicas — tanto no Brasil quanto em outros países da região. Em 2025, Menezes passou a integrar o comitê internacional da empresa, que coordena as operações fora dos Estados Unidos. Brasil, México, Colômbia e Caribe são as prioridades atuais de expansão, enquanto Chile e Argentina entram no radar futuro. “Temos um projeto de três anos no Brasil com investimentos próximos a R$ 90 milhões. Estamos focando em seguros e resseguros, linhas financeiras, garantia e transporte. Oportunidades não faltam, especialmente no interior dos estados, em segmentos pouco atendidos”, afirma o executivo.

Tanto a It’sSeg quanto a Acrisure foram fundadas em 2014, com propostas semelhantes de consolidação de mercados fragmentados. A americana, sediada em Michigan, saiu de uma receita de US$ 38 milhões para quase US$ 5 bilhões em apenas uma década, realizando mais de 900 aquisições nos EUA e expandindo internacionalmente com operações em 24 países.

Ao decidir pela venda da It’sSeg, Menezes recebeu mais de 15 propostas, mas escolheu a Acrisure pelo alinhamento de valores e estratégia. “Ambas as empresas cresceram combinando aquisições assertivas com tecnologia embarcada e um modelo centrado em pessoas. Poderia ter vendido para qualquer outro grupo, mas a Acrisure acredita na autonomia dos executivos locais e na importância da cultura empresarial”, afirma.

A aposta é que, com o suporte da matriz e a expertise local construída ao longo dos últimos dez anos, a Acrisure Brasil consolide ainda mais sua posição no mercado. Atualmente, o portfólio da companhia é majoritariamente voltado a benefícios corporativos, mas o objetivo é equilibrar com a expansão nos ramos de riscos patrimoniais — uma estratégia que deve ser acelerada com a nova legislação de seguros e o reforço em resseguros.

“Thomaz e sua equipe construíram um negócio extraordinário no Brasil e estamos ansiosos para continuar expandindo nossa presença na região, oferecendo todo o nosso portfólio aos clientes latino-americanos”, comentou Jason Howard, presidente da Acrisure International, reforçando a confiança na operação brasileira. “Foram dez anos de construção de uma empresa que saiu do nada para ser uma potência global. E o Brasil faz parte essencial dessa história”, acrescenta Menezes.

A entrada em vigor da nova Lei de Seguros (Lei 15.040/2024) traz novos desafios para o setor de seguros. “O mercado terá de conviver com prazos rigorosos, maior exigência na regulação de sinistros e na subscrição de riscos. O papel do corretor passa a ser ainda mais relevante — desde a correta identificação e colocação dos riscos até o suporte na regulação e na comunicação com o segurado”, avalia Menezes. Para ele, o setor ainda sofre com a burocracia e a resistência de algumas seguradoras em reconhecer sua responsabilidade. “A negativa de sinistro precisa ter base técnica e ser clara. Temos de amadurecer essa relação.”

Menezes acredita que o Brasil continua sendo um polo estratégico para a Acrisure. “Tudo o que prometemos fazer, estamos fazendo — apesar dos desafios da economia global. Montamos uma operação com gente altamente capacitada e com foco em entregar valor”, afirma. Há pouco tempo atrás, o mercado de corretagem de seguros se dividia entre as três maiores — Marsh, Aon e Willis — e os corretores autônomos. As grandes corretoras de seguros se ocuparam da integração de uma série de fusões e aquisições, o que abriu espaço para novos entrantes, como It’s Seg, MDS, Gallehger, Latin Re, Howden, Lockton entre outras.

Apesar de um período aquecido de fusões e aquisições entre corretores, muitos apostam que ainda há muito por vir neste segmento, principalmente no Brasil. Segundo notícias internacionais, o próximo grande passo da Acrisure é o IPO global. A fintech se prepara para abrir capital, em uma oferta que pode ser a maior da história da indústria de seguros.

Fonte: Sonho Seguro – Denise Bueno

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?