Evento destaca desafios e avanço tecnológico no setor
A abertura do segundo dia do Brasesul – Congresso dos Corretores de Seguros do Sul, o maior evento do mercado de seguros do Sul do Brasil, trouxe à tona um dos temas mais sensíveis para corretores e seguradoras: a comunicação entre as partes. O Painel dos Presidentes reuniu executivos das principais companhias do setor e os presidentes dos Sincors da região Sul para debater os desafios do relacionamento entre seguradoras, corretores e consumidores em um cenário de crescente digitalização.
O painel foi marcado pela apresentação do “Projeto Interlocução”, um estudo conduzido pelo professor Mauricio Tadeu, doutor em economia e administração, que analisou a percepção dos corretores de seguros sobre o mercado nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. A pesquisa buscou identificar desafios e oportunidades no relacionamento entre corretores e seguradoras, bem como traçar um perfil socioeconômico da categoria. Os resultados, no entanto, foram divulgados exclusivamente para seguradoras patrocinadoras.
Diálogo e Tecnologia: O Equilíbrio Necessário
A importância da participação ativa dos corretores no desenvolvimento de produtos e processos foi um dos pontos centrais do painel. Ivan Gontijo, presidente da Bradesco Seguros, ressaltou que a comunicação precisa ser clara e constante. “O corretor deve estar inserido nas discussões do mercado. Não basta oferecer produtos, é preciso mostrar os benefícios da proteção à sociedade. O digital é fundamental, mas o contato humano continua insubstituível”.
Eduardo Dal Ri, CEO do Grupo HDI, reforçou a necessidade de um fluxo de comunicação mais efetivo entre corretores e seguradoras. “Os corretores precisam ser ouvidos de forma mais ativa, desde o contato com as filiais até a implementação das sugestões que eles trazem. Os Sincors podem ter um papel ainda mais relevante nesse processo”.
A era digital, no entanto, impõe desafios. Paulo Kakinoff, presidente da Porto, destacou que o grande desafio da atualidade é filtrar a informação. “A internet é uma poderosa ferramenta de comunicação, mas também pode gerar desinformação. Precisamos garantir que os corretores tenham acesso às informações corretas e que os segurados entendam claramente o valor da proteção”.
Marcelo Goldman, diretor executivo de produtos da Tokio Marine, enfatizou a necessidade de equilíbrio entre o digital e o atendimento humano. “A tecnologia deve ser usada para facilitar a jornada do corretor e do cliente, mas o relacionamento pessoal é essencial para construir confiança e gerar valor”.
Eduard Folch, CEO da Allianz, trouxe uma visão geracional sobre o tema. “As seguradoras precisam se adaptar às diferentes formas de comunicação das novas gerações. A empatia e a personalização são fundamentais para atender os clientes de maneira eficiente”.
Tecnologia como aliada, não substituta
O impacto da tecnologia na interação entre seguradoras, corretores e clientes foi amplamente discutido. Erika Medici, CEO da AXA Brasil, destacou que, apesar dos avanços tecnológicos, certas discussões exigem proximidade. “A tecnologia deve ser usada sempre que possível, mas o contato humano é essencial quando necessário. A construção de produtos, por exemplo, demanda um diálogo aprofundado entre as partes”.
Marcio Benevides, vice-presidente comercial da Zurich Seguros, abordou a chegada de novas startups ao setor e sua influência na modernização dos processos. “As insurtechs vieram para agregar, trazendo soluções inovadoras que tornam a experiência mais fluida e eficiente. A tecnologia é um catalisador para a evolução do mercado, sem que isso signifique a desumanização das relações”, pontua.
Cesar Saut, vice-presidente corporativo da Icatu Seguros, ressaltou que a nova geração de consumidores busca transparência e eficiência. “Eles querem serviços justos e acessíveis. A seguradora precisa oferecer soluções completas, mantendo o custo-benefício e entregando valor real”, comenta.
Por fim, Oscar Celada, CEO da Mapfre, reforçou a importância de entender as necessidades do mercado. “O seguro teve um papel crucial na reconstrução do Rio Grande do Sul. Precisamos fortalecer a percepção do corretor como peça fundamental na intermediação e construção de um futuro sustentável”, conclui.
Fonte: CQCS