Vale a pena dar mesada? Veja como iniciar as crianças na vida financeira
Pesquisa indica que 89% dos pais acreditam que oferecer mesada aos filhos contribui para o desenvolvimento de uma consciência financeira entre as crianças e adolescentes dentro de casa, mas 27% dos entrevistados afirmam não conseguir promover uma quantia mensal aos pequenos, conforme um levantamento exclusivo da Serasa, em parceria com a Opinion Box.
A pesquisa foi realizada com 1.540 consumidores de todas as regiões do país, de 18 até 60 anos ou mais. A possibilidade de oferecer mesada não é a realidade de todas as famílias brasileiras. Crianças também aprendem com exemplos, por isso a mesada pode ser considerada uma ferramenta, mas a organização financeira da família é ainda mais importante. O conselho é sempre entender se a mesada realmente cabe no orçamento familiar, explica Mayara Oliveira, especialista da Serasa.
A pesquisa mostra ainda que 58% das crianças que têm mesada recebem o pagamento antes de completar oito anos. De acordo com Oliveira, o indicado é fornecer a quantia a partir dos três a cinco anos. Os pais podem introduzir o tema com conceitos simples como a espera pela gratificação e o valor das coisas, progredindo para ideias mais complexas conforme a criança cresce. É importante que o dinheiro seja associado a um esforço e que não seja um recurso ilimitado, mas não é necessário o uso da moeda em si. O processo educativo pode acontecer por meio de jogos, dinheiros fictícios ou recompensas, detalha a especialista.
Dar mesada é a saída para uma relação saudável com o dinheiro?
O levantamento aponta, também, que 83% dos pais se preocupam que o filho chegue à vida adulta sem saber lidar com o próprio orçamento. Mas só fornecer a mesada não é garantia do desenvolvimento de uma boa relação com o dinheiro, segundo Luiza Maria Alcântara, professora de psicoterapia infantil na Fundação Santo André e mestre em psicologia social. Ela é uma ferramenta que realmente pode ajudar a desenvolver uma consciência financeira, desde que seja auxiliada ao processo de gestão do dinheiro. Receber o valor por si só não faz sentido, os cuidadores precisam ajudar os filhos a administrar a quantia, explica Alcântara.
De acordo com a pesquisa, 48% das crianças usam o dinheiro recebido para o lanche na escola, e 48% do pais pagam os valores condicionando à performance escolar.
Outros 58% limitam o benefício ao comportamento em casa e 41% à realização das tarefas domésticas. Não se pode condicionar a criança a achar que tudo que ela faz é uma troca material. O mais importante na infância são trocas afetivas para que ela se sinta segura, para que ela siga saudável nas suas relações e para que ela não veja o mundo de forma excessiva como somente material, detalha a psicóloga. É claro que a gente vai ter que ensinar valores, mas pode não ser interessante aliar uma tarefa doméstica com um valor e boas notas com outro, porque a criança precisa entender que cuidar da casa é valioso da mesma forma que é importante ir bem na escola, complementa Alcântara.
Para a especialista, a decisão de como incluir o dinheiro na educação das crianças depende da própria relação que os responsáveis têm com as finanças, do contexto vivido e das prioridades estabelecidas para os filhos. A orientação é poder pensar junto com essa família como ela lida com o dinheiro, qual é o histórico e o que a atravessa quando o assunto é esse, destaca.
Fonte: NULL