Vendas do comércio cresceram 0,60% em fevereiro
As vendas do comércio varejista cresceram 0,60% em fevereiro, na comparação com janeiro, impulsionadas por produtos relacionados a volta às aulas, segundo dados divulgados nesta terça-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com fevereiro do ano passado, porém, houve queda de 3,8%.
O resultado veio dentro do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,6% na comparação mensal e de recuo de 3,9% sobre um ano antes.
“Janeiro é um mês de contas extraordinárias, como IPTU e IPVA, então é comum um consumo menor no comércio. Já em fevereiro, temos a volta do orçamento mensal das famílias a uma maior normalidade e o retorno dos alunos às escolas, aquecendo as compras de material escolar. Assim, mesmo com o cancelamento do carnaval, que impacta, por exemplo, em menores vendas de bebidas alcoólicas nos supermercados, tivemos uma variação positiva esse mês”, afirmou o gerente da PMC, Cristiano Santos.
Queda de 2,1% no acumulado no ano
No acumulado nos dois primeiros meses de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado, o varejo brasileiro ainda tem queda de 2,1% – maior recuo para o período desde 2017, quando ficou em -2,4%.
Já no acumulado nos últimos 12 meses, o avanço é de 0,4%, mostrando redução do ritmo de recuperação pelo quarto mês seguido. O resultado do varejo em 12 meses até fevereiro também é o mais baixo desde 2017 (-5,4%).
“O varejo se encontra agora no mesmo patamar de setembro de 2020 e 0,4% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020)”, informou o IBGE.
O avanço de 0,6% no volume de vendas na passagem de janeiro para fevereiro teve taxas positivas em quatro das oito atividades pesquisadas, com destaque para “Livros, jornais, revistas e papelaria” (15,4%), “Móveis e eletrodomésticos” (9,3%) e “Tecidos, vestuário e calçados” (7,8%).
Já as vendas de supermercados, que possui o maior peso no índice, registraram avanço menor, de 0,8%.
Na outra ponta, houve queda nos segmentos de “Outros artigos de uso pessoal e doméstico” (-0,5%), “Combustíveis e lubrificantes” (-0,4%), “Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação” (-0,4%) e “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” (-0,2%).
Veja o desempenho de cada um dos segmentos em fevereiro:
Combustíveis e lubrificantes: -0,4%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,8%
Tecidos, vestuário e calçados: 7,8%
Móveis e eletrodomésticos: 9,3%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,2%
Livros, jornais, revistas e papelaria: 15,4%
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -0,4%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -0,5%
Veículos, motos, partes e peças: 8,8% (varejo ampliado)
Material de construção: 2,0% (varejo ampliado)
Agravamento da pandemia e inflação
Indicadores antecedentes têm mostrado uma queda no ritmo da atividade econômica e da confiança de empresários e consumidores neste começo de ano em meio ao agravamento da pandemia, novas medidas restritivas e aumento das preocupações com as contas públicas do país.
A confiança do comércio despencou e março para o menor nível desde maio de 2020, de acordo com sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Analistas têm destacado que o grande número de desempregados, o aumento de preços e a interrupção da concessão do auxílio emergencial nos primeiros meses do ano e a nova rodada de pagamentos com valor menos em 2021 são outros fatores de maior pressão sobre o consumo das famílias.
“O rendimento médio das famílias de baixa renda chegou a aumentar 130% com o auxílio emergencial e, por isso, o período de maio e outubro foi muito bom para o comércio varejista, que chegou a atingir patamar 6,5% acima do período pré-pandemia. Em dezembro, no entanto, o valor do auxílio diminuiu e, em janeiro, deixou de existir, e isso reduziu o consumo”, destacou o gerente da PMC, Cristiano Santos.
Pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda, mostrou piora nos principais indicadores. A projeção do mercado para a inflação de 2021 subiu de 4,81% para 4,85%. A expectativa dos analistas para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 3,17% para 3,08%. Já a estimativa para a taxa básica de juros ao final do ano subiu de 5% ao ano para 5,25% ao ano.
Fonte: NULL