FGV aponta aumento da confiança no comércio, após quatro meses de queda
A sondagem mensal do comércio realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou uma melhora na confiança dos empresários em setembro, após quatro meses seguidos de queda do indicador. A segunda denúncia contra o presidente Michel Temer “não afetou e, aparentemente, nem afetará” a confiança, diz Aloisio Campelo, superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).
De agosto para setembro, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) avançou 6,8 pontos, atingindo 89,2 pontos. Essa variação foi a maior da série histórica da sondagem mensal, iniciada em 2010. Além de intensa, a alta do indicador de confiança do comércio em setembro ocorreu de forma disseminada pelos 13 segmentos pesquisados pelo Ibre. Em relação ao mês imediatamente anterior, é possível constatar que uma houve melhora tanto nas expectativas quanto nas avaliações sobre a situação atual.
Segundo Campelo, a queda de confiança dos empresário do comércio, de maio a agosto, refletia a crise política de maio, desencadeada pela delação do empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo JBS. A confiança também era afetada pelo preocupação com a sustentação das vendas do setor após o fim do período de liberação de recursos das contas inativas do FGTS.
“Ainda há bastante citação ao ambiente político. É uma nuvem negra no ar. A percepção é que ambiente político ainda é ruim, mas não o suficiente para atrapalhar a recuperação cíclica da economia. A economia vai continuar melhorando. Para haver um novo baque na confiança vindo do ambiente político será necessária outra notícia bombástica, capaz de provocar ruído”, disse Campelo.
Segundo ele, o empresariado do setor percebeu, após meses de pessimismo mais intenso, que a crise política não impediu que o governo conseguisse encaminhar medidas na área de concessões e privatizações, no campo tributário, e que segue negociando a Reforma da Previdência. “A inflação segue baixa, Juros caem. Está bem claro que a recuperação cíclica contínua. Por isso, a forte correção na confiança de setembro”, avaliou o economista.
No caso dos recursos do FGTS, o tempo mostrou que o fim do prazo de liberação de recursos das contas inativas não provocou um baque de demanda. Os empresário perceberam, segundo ele, que a parcela dos recursos que os consumidores destinaram ao pagamento de dívidas e à Caderneta de Poupança gerou um “efeito riqueza” que pode se converter em consumo ao longo dos próximos meses.
“Esses fatores levaram o índice de confiança de volta ao nível de abril, simplesmente. E tenho uma interpretação favorável disso porque, em abril, a expectativas estavam relativamente altas”, disse Campelo. “E acredito que a confiança do comércio pode continuar melhorando nos próximos meses, com essa expectativa de consumo e melhora gradual da economia”.
Fonte: Valor