País ganha milionários, mas perde poupadores
Os juros elevados e uma Bolsa de Valores que teve uma valorização de vigorosos 40% fizeram com que os investimentos de pessoas físicas no Brasil tivessem uma alta de 11,7%, chegando a R$ 2,3 bilhões. No entanto, foi o público de maior renda que tirou maior proveito deste cenário, enquanto os pequenos investidores do varejo, em um ambiente de alta de desemprego e inflação, tiveram de resgatar dinheiro das aplicações.
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os investidores de varejo somavam 63,8 milhões de pessoas no fim de 2016, número 4% menor do que o total registrado um ano antes. As aplicações desse público chegaram a R$ 854,7 bilhões, alta de apenas 3,3% ante a inflação, que foi de 6,29%.
– Esse resultado reflete um baixo crescimento da poupança. Houve um volume de saques de recursos para a cobertura de despesas dos investidores, já que o desemprego afetou algumas dessas famílias – diz José Rocha, presidente do Comitê de Varejo da Anbima, lembrando que a maior parcela dos recursos desses clientes, 62,5% do total, está investida na poupança, cuja rentabilidade é muito inferior à de outros investimentos também considerados seguros.
O contrário aconteceu entre o público de private banking, pessoas que têm ao menos R$ 1 milhão para investir. O número de milionários chegou a 112 mil no ano passado, alta de 1,8%. E as aplicações desse público cresceram bem mais, 16,1%, totalizando R$ 756,3 bilhões. O montante é ainda maior quando se considera o que está em planos de previdência privada.
Como o patrimônio cresceu mais que o número de milionários, a aplicação média de cada um desses investidores teve um avanço maior, 13,9%, chegando a R$ 15,4 bilhões. A maior parte desse dinheiro está aplicada em ativos de renda fixa (33,8%) e fundos de investimento (44,2%). Em poupança, apenas 0,4%.
– As aplicações em fundos voltaram a crescer, e isso vai se manter este ano, devido à queda da Selic. Com rendimento menor, cresce a captação de fundos multimercados. O perfil do investidor não é estático. Quando ele vê a Selic indo para um dígito, aceita tomar mais riscos – afirma João Albino, presidente do comitê de private banking da Anbima.
Fonte: O Globo