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BC projeta inflação de 4%. E mercado, juros de 8,5%

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado ontem consolidou as apostas de parte do mercado de que o Banco Central (BC) acelerará o ritmo de corte dos juros para um ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 11 e 12 de abril. Os analistas avaliam que o colegiado manterá essa intensidade por pelo menos duas reuniões e a taxa básica de juros, atualmente em 12,25% ao ano, poderá encerrar 2017 em 8,5% ao ano.
Apesar de reconhecer que a desinflação está difundida, o BC deixou claro que a intensificação do ritmo será moderada, jogando um balde de água fria nos economistas que acreditavam em um ritmo maior de queda de juros, de, pelo menos, 1,25 ponto percentual. Um dos fatores que favorecerá a redução da Selic é a fraqueza da atividade econômica. Assim como o Ministério da Fazenda, a autoridade monetária revisou a expectativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) de 0,8% para 0,5%.

As surpresas favoráveis que derrubaram os preços dos alimentos levaram a autoridade monetária a revisar as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pelas contas do BC, a inflação terminará 2017 em 4,0%, abaixo do centro da meta de 4,5%. A estimativa da autoridade monetária considerara as expectativas de juros e câmbio apresentadas pelo relatório de mercado Focus, divulgado semanalmente.

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, mostrou-se otimista com o processo de desinflação, mesmo com a piora do ambiente político às vésperas do julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre a cassação da chapa Dilma-Temer. Ele detalhou que o BC está pronto para agir, se for necessário, mas esse não parece ser o cenário base. “Há um ambiente bastante favorável, a desinflação se difundiu no mercado e sugere que esse processo deverá continuar”, disse.

O BC fará dois cortes consecutivos de um ponto percentual na Selic, avalia a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour. Para ela, uma terceira redução dos juros na mesma intensidade dependerá do nível da atividade econômica e da dinâmica de preços. Nas contas dela, a inflação terminará o ano entre 3,8% e 3,9%. “O ciclo de cortes, apesar de o relatório indicar que a taxa de 9% ao ano seria a de juro neutro, terminará em 8,5% ao ano. A recuperação da atividade será gradual e a aprovação da reforma da Previdência deve trazer uma valorização do real que ajudará nesse processo”, detalhou.

A economista-chefe da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack, também aposta em taxa de juros de 8,5% ao ano, em dezembro. Ela revisou sua projeção, que está em 9,5% após o BC deixar claro que acelerará o ritmo de corte na próxima reunião. Para Camila, a inflação terminará o ano em 4,66%, diante das incertezas em relação à aprovação da reforma da Previdência. “Temos espaço para corte de juros porque o nível de atividade continua fraco e a recuperação será lenta. Um indicativo disso são os dados do varejo que continuam fracos”, afirmou.

Comprometimento

Enquanto o governo define o ritmo de corte dos juros, os brasileiros ainda sofrem com os custos da Selic alta. A depiladora Nilma Gomes, 50 anos, tem toda a renda comprometida com contas atrasadas. Nilma confessa que contratou empréstimos com juros altos em um período no qual não tinha emprego fixo. De lá para cá, não conseguiu equilibrar as finanças. “Minha vida financeira está uma bagunça, tudo se transformou em uma bola de neve. Hoje, meu salário não garante a quitação das dividas”, comentou.

Para evitar perder o controle das finanças pessoais, o web designer Damião Ferreira, 24 anos, não faz compras parceladas no cartão nem contrata financiamentos. Todas são pagas à vista, mesmo que demore muito tempo para ter o dinheiro suficiente para pagar pelo produto. “Meus pais usavam cartão de crédito para tudo, tudo parcelavam. Eles têm dívida até hoje. As pessoas compram e esquecem de somar os juros. Quando percebem, o bem já se desvalorizou e ainda têm prestações para pagar”, concluiu.

 

Fonte: correio brasiliense

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