Acidentes aéreos de 2014 contradizem melhorias realizadas na segurança da indústria
Um estudo realizado pela Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS) mostrou que os acidentes aéreos de 2014 contradizem as melhorias de longo prazo realizadas na segurança da indústria, na qual se estima duas mortes a cada 100 milhões de passageiros em voos comerciais.Intitulado como Global Aviation Safety, o documento mostra que durante a década de 1960, havia 133 mortes para cada 100 milhões de passageiros. Entretanto, a gestão de segurança da indústria da aviação será exposta a novos riscos em potencial no futuro, entre eles o aumento de ataques cibernéticos, a confiabilidade excessiva na automatização e o crescimento antecipado do uso de drones.Segundo o levantamento, os céus se tornaram mais seguros nos últimos 60 anos. Atualmente, é mais fácil ser atingido por um raio (1 em cada 10,5 milhões) do que sofrer um acidente aéreo nos Estados Unidos ou Europa (1 em 29 milhões). A segurança aérea evoluiu impulsionada pela tecnologia, sistemas de navegação, melhoria do motor, design à prova de falhas e controle fly-by-wire, analisa Joe Strickland, chefe Global de Aviação das Américas da AGCS.Já os custos da aviação continuam subindo, devido à demanda por novos tipos de materiais na produção de aeronaves. É esperado que o aumento nos valores da frota e no número de passageiros alavanque o risco de exposição para US$ 1 trilhão até 2020. Hoje há menos mortes ou perdas totais de casco em comparação com o passado, mas surgem novos tipos de riscos, explica Henning Haagen, chefe Global de Aviação EMEA e Ásia-Pacífico da companhia.Enquanto a América do Norte e a Europa têm os melhores recordes de segurança, a África tem os piores. Em 2012, 88% das fatalidades da aviação global aconteceram na África e na Ásia. O continente africano é o que mais utiliza aeronaves de segunda geração, sendo mais de 50% da frota analisada. Em algumas partes do continente, os padrões de treinamento e segurança são comparáveis aos que eram realizados há 50 anos nos Estados Unidos e Europa.Em voos comerciais, 70% das causas de acidentes estão relacionadas à falha humana. A gestão da tripulação e da cabine automatizada melhoraram os níveis de segurança, mas a automação pode ter um lado negativo. Uma maior atenção deveria ser dada ao treino continuo de pilotos voando. A tripulação continua a ser essencial para operar em qualquer aeronave e, em especial, se a automação não estiver disponível, diz Sebastien Saillard, diretor de Sinistros de Aviação da empresa.Desafios futurosUm número de novos cenários de perdas está surgindo. Os exemplos incluem a maior probabilidade de ataques cibernéticos, o aumento do uso comercial de drones, uma escassez futura de força de trabalho qualificada e a perspectiva de aumento da turbulência, impulsionada pela mudança climática.A nova geração de aeronaves está altamente exposta ao crime cibernético, devido ao uso predominante de redes de dados a bordo, de sistemas de computadores e sistemas de navegação. As violações de dados e ataques cibernéticos são percebidas como crescentes riscos, explica Ludovic Arnoux, chefe global de Consultas em Riscos de Aviação da AGCS.
Fonte: Revista Cobertura