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Volta às aulas: um novo período de adaptação

O início do ano letivo é aguardado por muitos pais como o momento de retomar a rotina e os horários estruturados, marcando o fim das férias. No entanto, junto com a organização das mochilas e a retomada das atividades escolares, surge também o desafio de adaptação das crianças. Seja um novo ciclo, novos amigos, uma sala diferente ou até mesmo uma nova escola, essa fase de transição pode gerar ansiedade e incertezas. Mas como transformar esse momento em algo leve e positivo para os pequenos?

De acordo com o último Censo Escolar, o Brasil possui mais de 46 milhões de estudantes matriculados na educação básica, dos quais 82% estão em escolas públicas e 18% em instituições particulares. Em meio a esses números, cada criança – seja neurotípica ou atípica – enfrenta suas próprias demandas emocionais e sociais. Oferecer suporte durante a transição é essencial para promover um ambiente de segurança e acolhimento, que beneficia tanto a aprendizagem quanto o bem-estar.

Comunicação: o alicerce da adaptação

Um dos aspectos mais importantes para facilitar a adaptação das crianças é a comunicação aberta. Converse com seu filho sobre as mudanças que ele enfrentará, explicando de maneira clara e positiva o que esperar do novo ambiente, dos professores e da rotina. Permita que ele expresse suas expectativas e medos, validando seus sentimentos. Muitas crianças, especialmente as mais jovens, sentem insegurança diante do desconhecido. Ao abordar esses sentimentos com acolhimento, é possível reduzir a ansiedade e fortalecer a confiança.

Rotina: um porto seguro

Crianças se sentem mais seguras quando vivem dentro de uma estrutura previsível. Estabelecer uma rotina consistente – com horários regulares para dormir, acordar, estudar e brincar – ajuda a criar estabilidade emocional. Além disso, incentive momentos de interação fora da escola, como brincadeiras ou encontros com amigos, para que ela desenvolva habilidades sociais que a ajudem a se integrar ao novo ambiente escolar.

Atenção às crianças atípicas

Para pais de crianças atípicas, como aquelas diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), a adaptação pode demandar cuidados adicionais. O diálogo próximo com a escola é essencial. Muitos colégios já contam com profissionais especializados, como psicopedagogos e mediadores, que podem ajudar no processo de inclusão e adaptação. Compartilhe com a equipe escolar informações relevantes sobre o comportamento e as necessidades do seu filho, para que a transição ocorra de forma mais tranquila.

O papel do autocuidado

É importante lembrar que os pais também precisam cuidar de sua saúde mental e emocional durante essa fase. Uma postura equilibrada e tranquila transmite segurança às crianças, ajudando-as a lidar com as mudanças. Invista em momentos de autocuidado e procure apoio, se necessário, para lidar com as demandas que esse período pode trazer.

A volta às aulas é mais do que o início de uma nova etapa acadêmica: é uma oportunidade de fortalecer os vínculos familiares, criar hábitos saudáveis e preparar as crianças para superar desafios. Com paciência, acolhimento e organização, esse período pode ser transformado em uma experiência rica em aprendizado e conquistas – para os pequenos e para toda a família.

Débora Cristina de Macedo Jorge

Psicóloga clínica, social, cognitiva e do desenvolvimento, É focada na resolução de conflitos e na melhoria das relações interpessoais (CRP: 06/59693-5). Ela também é fundadora e diretora do Instituto Débora Cristina.

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