Vinhos: Como aproveitar o reconhecimento internacional
Os vinhos portugueses vêm conseguindo de dois ou três anos para cá merecer atenção – e boas pontuações – dos mais influentes críticos e publicações especializadas internacionais, premiando um extenso processo de renovação e modernização que sacudiu a vitivinicultura do país, em especial na última década. Se não foi fácil romper com métodos e mentalidade vigentes no passado, mais difícil foi divulgar o novo quadro vinícola de Portugal num mercado cada vez mais competitivo.
Num primeiro momento isso foi conseguido junto aos formadores de opinião ingleses, culturalmente sempre abertos a tudo que acontece de interessante no setor, para depois, mais recentemente, chegarem aos veículos americanos, leia-se Robert Parker e Wine Spectator, que exercem grande influência no tão desejado mercado dos Estados Unidos e, por conseqüência, nos novos consumidores mundo afora. Parker, inclusive destacou um de seus colaboradores, Mark Squires, para acompanhar de perto as novidades em tintos e brancos portugueses.
Com o intuito de manter esse canal aberto e abrir novas portas, assim como estimular o mercado interno, foi realizado no belíssimo Palácio da Bolsa da cidade do Porto, na semana passada, a Essência do Vinho, evento organizado pela empresa homônima também ligada à Blue Wine, revista dedicada a vinhos portugueses. Em espaços limitados e padronizados, lá estavam agrupados cerca de 300 produtores.
Além da feira em si e de um conjunto de atividades paralelas mais destinadas ao público, o destaque do programa consistia em uma prova de vinhos portugueses, submetidos a um grupo composto por 25 degustadores internacionais – nomes de peso como José Peñin, editor do mais conhecido guia de vinhos da Espanha, e os ingleses Charles Metcalfe, da Wine&Spirits, Andrew Catchpole, da Decanter, e Christine Austin, do Yorkshire Times, entre outros. A propósito, cabe destaque também para a beleza e imponência do Salão Árabe, local da degustação. Nada poderia ser mais nobre para uma prova desse porte.
Os rótulos escolhidos para a degustação, conduzida às cegas, supostamente reunia os melhores produzidos no país – não foi divulgado o critério utilizado para a seleção, mas o painel era, no geral, bastante representativo -, divididos em três grupos, pela ordem em que foram servidos: nove brancos, todos da safra 2006, 26 tintos 2007 e cinco Portos Vintage 2005. Dali sairiam os Top Ten de Portugal, sendo um branco, oito tintos classificados por ordem de pontuação, e um Porto.
A despeito de provas como esta sempre apresentarem resultados surpreendentes – a degustação às cegas é uma verdadeira “caixinha de surpresas”, mas também, com um número elevado de provadores, cada um com critérios próprios de avaliação, leva a melhor quem menos destoa – a forma como ela se desenvolveu prejudicou a avaliação.
Comumente, prevê-se um intervalo separando os diferentes gêneros – entre os brancos e os tintos, e entre estes e os Portos – o que não aconteceu. Igualmente, devido a mal-entendidos, vários degustadores, desavisadamente, fizeram uma pausa depois dos 20 primeiros tintos, ficando na taça, prejudicados pela oxidação e pelo aumento de temperatura, os seis últimos desse gênero. Por infeliz coincidência, nesse grupo estavam Quinta do Vale Meão, Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa e Pintas, três vinhos de ponta do país e sérios candidatos às melhores colocações.
Os resultados foram:
Branco:
Covela Escolha 2006, Quinta de Covela; Vinho Regional do Minho (em breve na Casa Flora)
Tintos:
1. Chocapalha Reserva 2005, Estremadura (importado pela Vinci)
2. Herdade dos Grous Reserva 2005, Alentejo (Épice)
3. Incógnito 2005, Cortes de Cima, Alentejo (Adega Alentejana)
4. Quinta dos Carvalhais Único 2005, Sogrape, Dão (Zahil)
5. Quinta do Vale D. Maria 2005, Douro (Expand)
6. Quinta do Vale Meão 2005, Douro (Mistral)
7. Quinta da Touriga-Chã 2005, Jorge Rosas, Douro (Interfood)
8. Quinta do Couquinho Reserva 2005, Maria Adelaide Trigo, Douro (sem importador)
Porto:
Taylor´s Quinta de Vargellas 2005 (Expand)
Fonte: Valor