Viés policialesco perde força na Susep
A oferta de novos produtos para os consumidores brasileiros
está entre as necessidades do mercado local detectadas pelo novo titular da
Superintendência de Seguros Privados (Susep), Roberto Westenberger. Empossado
há apenas uma semana, ele prefere não falar em planos, mas deixa claro que a
sua gestão deve ser marcada pela liberdade que o setor terá para criar produtos
e serviços. O mercado sabe perfeitamente que produtos precisa criar para
crescer, enfatizou na solenidade de sua posse.
Para Roberto Westenberger, o corretor de seguros terá papel
preponderante nesse processo, por ser o canal de comunicação do mercado com o
consumidor e conhecer muito bem as suas reais necessidades.
Por essa razão, ele diz que a Susep deve, inclusive, pensar
junto com o corretor em produtos que ainda não existem em nosso mercado.
Atuário, o novo superintendente da Susep conhece bem o
mercado de seguros, ao qual está ligado direta ou indiretamente há mais de 20
anos. Contudo, ele rebate as insinuações de que a sua indicação para o comando
da autarquia poderia favorecer um ou outro segmento do mercado.
Para Roberto Westenberger, não deve haver dúvidas de que a
Susep está exclusivamente a serviço do interesse público. Nesse contexto, ele
assegura que vai buscar um equilíbrio entre as três grandes forças do mercado:
o consumidor, os corretores e as seguradoras e resseguradoras. Algumas das
nossas decisões podem, eventualmente, privilegiar mais uma do que outra dessas
forças. Mas, sempre estaremos buscando atender o interesse da sociedade,
frisa.
Ele também assume o compromisso de sempre adotar decisões
exclusivamente em prol do interesse público.
Segundo o titular da autarquia, a Susep precisa e vai atuar
com foco totalmente direcionado para a indução do desenvolvimento, deixando em
segundo plano o viés policialesco, ainda que mantendo o talão de multa no
bolso para os casos necessários.
Outro ponto importante é a aderência às práticas
internacionais. Roberto Westenberger observa que a Susep não pode estar
dissociada de modelos regulatórios reconhecidamente eficientes, como é o caso
do programa Solvência II. Vamos pegar e adotar o que é bom do Solvência II e
deixar de lado o que é ruim, destaca.
Além disso, defende o foco na educação financeira da
sociedade, visando a orientar principalmente as camadas mais pobres da
população acerca das coberturas mais adequadas.
Para Roberto Westenberger, o mercado ainda não cresceu como
deveria por razões conhecidas. Ele cita como exemplo a excessiva demora na
conclusão do processo de encerramento do monopólio no resseguro. O resseguro é
um indutor importante para que o mercado seja mais competitivo, comenta.
Na solenidade de posse do novo titular da Susep, que reuniu
mais de 400 pessoas do mercado, o secretário Executivo do Ministério da
Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, afirmou que o Governo deseja a inserção do
Brasil no cenário do mercado internacional de seguros e que conta como esse
setor para atender as novas demandas das classes sociais ascendentes, assim
como da cobertura de grandes riscos, ligados à infraestrutura do País. O papel
do seguro é extremamente relevante para o Brasil, assinalou, lembrando ainda
que as mais de 50 milhões de pessoas que, nos últimos anos, ingressaram na
classe média, após um primeiro momento em que buscaram o consumo, precisaram,
agora, de proteção.
Fonte: Jornal do Commercio