Venda da Vida Seguros é suspensa
São Paulo, 9 de Março de 2006 – A oferta de compra feita por executivos da Nationwide não atingiu limite patrimonial mínimo. Pelo menos três propostas de investimento no mercado de seguros brasileiro foram reprovadas nos últimos seis meses pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), segundo informações apuradas por este jornal. Uma das ofertas recusadas pelo órgão regulador foi a dos executivos da Nationwide Seguradora interessados em comprar a carteira de vida da companhia, criando a Vida Seguros. Outras duas propostas de investidores interessados nas empresas do Banco Santos, a Santos Seguradora e a Valor Capitalização, ambas em intervenção desde o início do ano, também foram negadas.
Há outras ofertas de investidores interessados em aportar recursos no Brasil, seja de compra, de associação ou mesmo de aumento de capital que estão suspensas, no aguardo de um novo plano de ação ou de comprovação da origem do capital, segundo revelam notas explicativas dos balanços de seguradoras publicados recentemente e também informações passadas por fontes próximas às negociações. Alguns processos estão atrasados em razão da burocracia da própria Susep.
“O plano de negócio tem de estar compatível com a realidade brasileira. Ou seja: a empresa tem de ter estratégia para enfrentar a concorrência bancária, que domina as vendas de previdência, de vida, residencial e títulos de capitalização”, disse um executivo. Apesar dos bons resultados apresentados pelos maiores grupos (ver quadro), o cenário muda para as seguradores menores, para as estrangeiras e também para as que não têm vínculos bancário.
De acordo com Philip Healey, que presidia a Nationwide desde 2000, quando começou no Brasil, e manteve o cargo na Vida Seguros, a Susep exigiu um patrimônio maior do que o ofertado pelos executivos na proposta de compra. “A empresa é 100% do grupo Nationwide, que informou a existência de investidores interessados na negociação”, contou. A Vida Seguros conta com patrimônio líquido de R$ 28,5 milhões. Em 2005, registrou prejuízo de R$ 17 milhões, menor do que a perda de R$ 62 milhões em 2004. “No último trimestre de 2005 registramos lucro de R$ 1,6 milhão”, disse o executivo. As vendas cresceram 10% em 2005, para R$ 103 milhões em prêmio ganho. A venda da carteira de previdência da Nationwide para a Icatu Hartford foi aprovada em setembro último pelo órgão regulador.
Nas regras do setor que norteiam os investimentos em empresas não há uma definição clara de valores ou de plano de aç ão no País. O que existe é uma conta informal de que o capital a ser investido tem de ser de pelo menos três vezes o valor do patrimônio líquido da companhia.
Segundo fontes do setor, o objetivo da Susep em fazer cumprir as exigências de capital é evitar a frustração dos acionistas estrangeiros com o Brasil. Muitos deles que investiram no País amargaram perdas e foram embora, como Cigna, Canada Life, AXA, entre outros. Há acionistas que se frustram com a demora no resultado positivo da subsidiária brasileira, mas continuam investindo por acreditar no crescimento da economia, na adequação das normas brasileiras do setor de seguros a padrões internacionais e também na abertura do mercado de resseguros, como é o caso de outros dois grupo americanos, a Liberty, com perdas de R$ 32 milhões em 2005, e da MetLife, há sete anos no Brasil, com prejuízo de R$ 33,4 milhões só no ano passado.
Segundo a Liberty, a perda foi ocasionada por contigentes tributários referentes ao período entre 1995 e 1999. “Se não fosse isso, teríamos um resultado positivo de R$ 10 milhões”, informou Luis Maurette, presidente da Liberty.
A Tokio Marine aguarda há quase um ano a aprovação da Susep na compra de 100% da Real Seguros e de 50% da Real Vida e Previdência. Também estão em análise a compra da área de ramos elementares do HSBC pela HDI, a sociedade entre Itaú Seguros e XL Capital, a compra de 50% da Nossa Caixa Previdência pela Mapfre, como aumento de capital da QBE.
Fonte: Gazeta Mercantil