Veja a influência da prática ESG na liberação de seguros
A prática ESG, sigla para ações ambientais, sociais e de governança de uma organização, tem ganhado cada vez mais destaque no mundo dos negócios, com muitas companhias percebendo a importância da adoção dessas ações para garantir a fidelização de clientes como também para não correr o risco de ter um seguro negado ao não atender às melhores práticas para minimizar o impacto das suas atividades. As seguradoras estão exigindo cada vez mais alinhamento com compromisso ESG, como o climático, que é o mais importante, para subscrição dos serviços de seguro [etapas da tomada de decisão, como a análise dos riscos], explica a advogada Daniela Stump, do escritório DC Associados.
Daniela Reia, diretora-executiva da Gallagher Brasilk, considera que as questões ESG são ponto cada vez mais importante e sensível. Há uma pressão grande do mercado como todo e fatores diretos e indiretos relacionados ao ambiental, social e governança têm impacto real inclusive na precificação, diz.
As questões ambiental e climática têm sido as que despertam mais preocupação e, segundo Reia, as seguradoras focam nos detalhes do risco e como a empresa cuida de um problema que a sua atividade pode causar, inclusive a terceiros. A preocupação está amparada em números.
Em 2022, cerca de 45% dos US$ 275 bilhões em perdas econômicas globais decorrentes de desastres naturais foram cobertos por seguros.
Isso reafirma a tendência de um aumento médio anual de 5% a 7% nas perdas seguradas nas últimas três décadas, conforme o último relatório sigma da Swiss Re. Circular 666 Existe determinação, do meio do ano passado da Susep [Superintendência de Seguros Privados], que começa a colocar o risco que a seguradora gera relacionado a crédito, análise. E algumas seguradoras internacionais já começam a colocar restrição em seu portfólio medindo a pegada de carbono, diz Daniela Reia.
A executiva se refere à Circular 666/22, da Susep, que dispõe sobre requisitos de sustentabilidade a serem observados pelas sociedades seguradoras, entidades abertas de previdência complementar, sociedades de capitalização e resseguradores locais. A preocupação com sustentabilidade e as práticas ESG não é nova, mas, a partir da assinatura do Acordo de Paris, em 2015, entrou definitivamente na agenda dos reguladores e supervisores financeiros mundo afora na maioria das vezes enfatizando o risco climático e seus potenciais impactos sobre a estabilidade do sistema financeiro. No Brasil, não por acaso, o Banco Central, que já possuía uma norma tratando do tema, havia anunciado para o ano passado uma grande reformulação dessa regulação, o que de fato fez, publicou a autarquia à época da divulgação da circular.
A norma da Susep pede que as seguradoras implementem a gestão dos riscos de sustentabilidade (ambientais, sociais e climáticos); política de sustentabilidade; e relatório de sustentabilidade.
A gestão dos riscos de sustentabilidade deve ser integrada à estrutura de gestão de riscos e aos processos operacionais, em especial no que se refere à precificação e à subscrição de riscos, seleção de investimentos e seleção de prestadores de serviços, podendo estabelecer limites para concentração de riscos ou restrições para a realização de negócios.
Os coordenadores da Susep de Regulação Prudencial e de Regulação de Riscos, Ativos e Controles Internos, César Neves e Victor de Almeida França, apresentaram um painel sobre o acompanhamento da regulação brasileira de seguros relacionada a requisitos de sustentabilidade durante evento realizado pela CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras), em Brasília, no mês passado.
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