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Usina do Madeira vai mexer com o ranking do setor

A usina de Santo Antônio e seus 3,15 mil megawatts (MW) estão longe de serem só um projeto. Além do gigantesco custo de construção, estimado em R$ 9,5 bilhões, e de ser capaz de afastar o fantasma do racionamento de energia no país, a hidrelétrica que vai à leilão nesta segunda-feira também poderá alterar substancialmente o ranking dos geradores de energia no Brasil.
Em outras palavras, uma vitória da estatal Chesf, por exemplo, daria ao grupo a condição de ter o dobro de energia que a maior empresa privada no país, a Tractebel, controlada pela multinacional franco-belga Suez. Agora, se a Tractebel ficar com a obra, encosta em Furnas e reduz a dianteira da Chesf. Isso, sem contar a competição natural que pode existir entre as estatais.
“Pode haver realmente uma briga entre Furnas e Chesf pelo rótulo de maior geradora de energia no país”, avalia o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). Um relatório da Ativa Corretora, no entanto, pondera que a disputa quanto às posições no ranking da geração é algo que interessa muito aos grupos privados, como CPFL Energia, a espanhola Endesa e a própria Suez.
Hoje, a maior geradora de energia do país é Itaipu com seus 14 mil MW. E seu controle é dividido meio a meio entre o governo brasileiro, que repassou os 50% à estatal Eletrobrás, e o Paraguai. Em tese, portanto, a holding Eletrobrás seria dona de 7 mil MW, mas na prática 95% da energia é consumida pelo Brasil. Agora, nem o consumo e tampouco a capacidade fazem parte dos números de suas controladas (Chesf, Eletronorte, Eletrosul ou Furnas), já que esses dados são consolidados na holding.
Sendo assim, quem assume a condição de maior geradora de energia no país é a Chesf, seguida por Furnas. E é justamente essa competição, já que as duas controladas da Eletrobrás estão em consórcios distintos na briga pela usina de Santo Antônio, é que poderá alterar o ranking no país.
O leilão de Santo Antônio será disputado por três consórcios. No Madeira Energia, Furnas tem participação de 39% ao passo que a Cemig detém 10%. O restante é dividido entre as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, além de um fundo que reúne os bancos Banif e Santander.
Já no Energia Sustentável, a Suez detém 51% e a estatal Eletrosul fica com 49%. E no Consórcio de Empresas Investimentos de Santo Antônio (Ceisa), a Chesf detém 49% e CPFL Energia e Endesa têm cada uma 25,05%. Os 0,9% estão nas mãos da construtora Camargo Corrêa.
No exercício feito pelo Valor e que obedeceu as respectivas participações de cada grupo gerador no seu consórcio, fica claro que em vitória do grupo da Chesf, a estatal dispara no ranking. De acordo com os dados coletados, a Chesf alcançaria 12,14 mil MW e deixaria a Tractebel com os atuais 5,9 mil MW e Furnas com 8,9 mil.
Em caso de vitória ou de Furnas ou de Tractebel, a Chesf ainda ficaria no topo da lista, mas veria sua distância em relação aos demais grupos cair bastante. Sob esta perspectiva, a situação mais desconfortável para a Chesf ocorreria se Furnas ficasse com a obra, porque ela saltaria dos atuais 8,9 mil para 10,14 mil MW de potência instalada.
Mas se a Suez desbancar os adversários e vencer o leilão, Chesf manteria o posto de número um com folga, mas Furnas não teria a mesma sorte. Em outras palavras, a Tractebel alcançaria os 7,5 mil MW de capacidade e ficaria a pouco mais de mil MW de Furnas. Além disso, a multinacional ainda conseguiria ultrapassar a Eletronorte, que tem hoje 7,4 mil MW. A Eletronorte não disputará Santo Antônio, porque não depositou as garantias necessárias.

Fonte: Valor

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