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Uma nova abordagem na construção de portfólios

O problema central das finanças de ciclo de vida é distribuir a renda obtida na época economicamente produtiva da vida de uma pessoa ao longo de toda a sua vida. Essa tarefa é desafiadora em função da incerteza quanto ao retorno dos diversos tipos de investimento e em relação à longevidade.
Produtos de renda vitalícia, fundos de previdência e seguros de vida não são tão bem compreendidos nem tão utilizados quanto deviam. O seguro de vida, de certa forma, é o oposto de uma renda. Quem compra uma renda se protege no caso de viver por muito tempo e o seguro de vida protege sua família no caso de sua ausência. Os dois produtos possuem características de opções, cujos valores estão condicionados à longevidade do comprador. O seguro de vida também é raramente utilizado no planejamento financeiro, talvez porque seu valor de opção seja pouco compreendido. Mesmo quem tem algum seguro de vida não o utiliza de forma integrada em seu processo de planejamento financeiro.
O ativo mais valioso que uma pessoa possui, pelo menos enquanto é jovem, é seu capital humano, isto é, o valor presente de seus salários e remunerações futuras. Capital humano interage com os investimentos tradicionais como ações, renda fixa e imóveis, por meio de suas correlações. Mas o capital humano interage de forma ainda mais interessante e otimizada com o seguro de vida e a renda vitalícia, porque todos esses ativos têm seus valores atrelados à longevidade da pessoa!
Com todos esses instrumentos à mão, um consultor financeiro pode garantir um padrão de vida alvo em vez de simplesmente minimizar a probabilidade de ficar abaixo do alvo, que é o máximo que se pode atingir com as alocações de recursos convencionais. Pode-se categorizar a vida de uma pessoa em três fases. A primeira é a de crescimento e aquisição de estudo e conhecimento, ou seja, investimento em capital humano. A segunda é a do trabalho profissional. A final é a aposentadoria.
Na fase de trabalho remunerado, nosso capital humano está em seu nível mais alto, mas a riqueza financeira está geralmente em um nível baixo. Este é o momento em que começamos a converter nosso capital humano em capital financeiro por meio da economia de parte da remuneração profissional. Esta é a fase de acumulação.
Na fase de aposentadoria, nosso capital humano pode estar quase esgotado. Não estará totalmente se recebermos algum tipo de renda garantida como a da previdência social ou planos de previdência empresariais com benefícios vitalícios. Esse baixo capital humano deve estar compensado por um substancial capital financeiro, que deve perdurar pelo tempo que durar a aposentadoria.
O reconhecimento da dicotomia entre capital humano e capital financeiro amplia dramaticamente o escopo de um planejamento financeiro. Como capital humano pode ser visto usualmente como de baixo risco, geralmente queremos ter uma parcela alta de ações em nosso portfólio financeiro na fase inicial de nossas carreiras.
Ao longo da vida, o mix entre capital humano e capital financeiro se altera de forma que o capital financeiro vai adquirindo uma proporção cada vez maior da riqueza total de forma que o ativo de baixo risco (capital humano) vai deixando de ser a parcela predominante. Enquanto isso acontece, queremos ficar cada vez mais conservadores com o capital financeiro porque ele representará a maior parte da riqueza.
Reconhecer que o capital humano é importante significa que também devemos protegê-lo enquanto pudermos. Apesar de ser difícil proteger nosso potencial salarial, podemos nos proteger financeiramente contra a morte, que é o pior cenário, investindo em um seguro de vida. Assim, nosso portfólio durante a fase de acumulação deve consistir de ações, renda fixa e seguro de vida.
Deparamos-nos com outro tipo de risco quando nos aposentamos. Como não podemos prever quanto tempo nossa aposentadoria irá durar, existe uma forma de garantirmos que nosso patrimônio não será totalmente consumido (risco de longevidade). A solução é a compra, utilizando parte de seu patrimônio acumulado, de uma renda vitalícia mensal que perdurará enquanto estivermos vivos. A utilização de fundos de previdência como veículos de investimento de longo prazo por conta de seus benefícios fiscais ou como veículo de sucessão também tem sido cada vez mais disseminado.
A incorporação do capital humano em adição ao capital financeiro é essencial para a construção de uma carteira de investimentos e é a base das finanças de ciclo de vida.

Fonte: Valor

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