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Um semestre para esquecer

Sem saída. É dessa forma que o investidor se sente quando analisa o rendimento de suas aplicações não só em junho, mas também no primeiro semestre de 2013. Nem o investidor mais conservador nem o mais disposto a correr riscos tiveram vez na primeira metade do ano, período no qual a maior parte das aplicações financeiras teve perdas reais (descontada a inflação) ou ganhos pouco representativos.
Nem no auge da crise financeira, no segundo semestre de 2008, o investidor tinha tantos motivos para se preocupar. Naquele momento, mesmo com a derrocada do mercado acionário brasileiro, os aplicadores podiam se refugiar na renda fixa, na qual encontravam ganhos reais acima de 4% e conseguiam acalmar os nervos. Desta vez, a história é diferente. Ao mesmo tempo que o Ibovespa exibe queda de 23% até 25 de junho, a maior desde o segundo semestre de 2008 (-42,25%), todas as aplicações de renda fixa marcam retorno real inferior a 1% – o CDI, principal referência, deve encerrar o semestre a 0,21%.
Entre janeiro e junho deste ano, 11 das 18 principais aplicações financeiras tiveram perdas reais. As moedas – dólar e euro – foram praticamente o único “refresco” do semestre, seja via aplicação direta ou via fundos cambiais. Mas os ganhos com essas aplicações não chegaram a animar investidores, tendo em vista que são ativos de alta exposição ao risco e pouco recomendados por consultores financeiros para a pessoa física.
A saída de recursos estrangeiros, a expectativa da retirada gradual dos estímulos econômicos nos Estados Unidos e a desaceleração brasileira explicam parte do contexto conturbado do mercado. O semestre, contudo, já está chegando ao fim e o investidor quer saber o que esperar pela frente. Diante das fortes perdas que assolaram o mercado até junho, as oportunidades começam a aparecer. Mas é preciso analisar com cautela o momento de iniciar as compras, já que ainda há muitas incertezas rondando as cenas internacional e doméstica.
Mesmo com a queda forte da bolsa, as oportunidades na renda fixa são mais unânimes. Como os prêmios subiram muito, principalmente a partir de maio, investidores institucionais aproveitam para montar posições. Para se ter ideia, a taxa pré das NTN-Bs mais longas, para 2050, que chegou à mínima de 3,88% em janeiro, bateu 5,98% na semana passada, embora estivesse ontem em nível mais baixo, de 5,45%. A taxa pode ir mais longe, mas a recomendação, para alguns, já é de compra.
“A pessoa física deve fazer uma montagem gradual de posição, sem se preocupar com a volatilidade”, diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos, para quem os títulos com vencimento a partir de 2022 são os mais atraentes. O investidor de varejo tem que ficar atento, diz, para não ficar na ponta errada neste momento de ativos em queda e não chegar “atrasado”.
Na visão de Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco WestLB do Brasil, a renda fixa ainda é a opção mais interessante, especialmente os títulos mais curtos, menos sujeitos à volatilidade. Até porque as perspectivas macroeconômicas para os próximos meses não são as melhores. “Teremos ano eleitoral em 2014 e dificilmente vamos ver alguma movimentação no âmbito da política fiscal para restabelecer a credibilidade do governo. Pelo contrário, é mais provável que sejam adotadas medidas populistas e, com isso, haja nova deterioração do lado fiscal.”

Fonte: Valor

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