Toxina é usada em tratamento de derrame
Descoberta no final dos anos 60, a toxina botulínica se popularizou mundialmente na área estética (como suavizador de rugas), mas cada vez mais aumenta a utilização na medicina -com aprovação oficial ou “off label”.
Produzida pela bactéria Clostridium botulinum- causa da doença botulismo-, a toxina age no músculo de modo a diminuir ou a eliminar os impulsos que o acionam.
Usada inicialmente para corrigir problemas neuromusculares-como espasmos na pálpebra e estrabismo-, a substância é hoje utilizada para tratar desde vítimas de distonia (doença neurológica caracterizada por movimentos involuntários, como torcer o pescoço, piscar os olhos repetidamente e retorcer o tronco) até pessoas que têm transpiração excessiva (hiperidrose).
O uso mais recente tem sido em vítimas de derrame cerebral. O tratamento não tem aprovação do FDA (agência norte-americana que regula remédios e alimentos) para essa finalidade, mas ele está tão amplamente aceito que, nos EUA, algumas seguradoras já estão reembolsando o tratamento.
Segundo o médico David Simpson, professor de neurologia do Centro Médico Monte Sinai em Nova York e um reconhecido pesquisador da toxina, apenas cerca de 5% dos pacientes de derrame que poderiam se beneficiar do botox o conseguem.
Ele afirma que poucos médicos são treinados para aplicar as injeções. A maioria dos neurologistas, por exemplo, tem o hábito de prescrever medicamentos antiespasmódicos- como tizanidine e baclofen-, que são orais e mais baratos, mas causam entorpecimento e enfraquecem todos os músculos do corpo-não apenas os que estão em foco.
A toxina não consegue restaurar o uso de músculos quando o derrame destruiu a região cerebral que os controla. Porém, pacientes parecem e se sentem melhor, e muitas vezes acham mais fácil vestir roupas, segurar objetos e tomar banho, segundo David Simpson.
Fonte: Folha de São Paulo