Tokio Marine cresce 100% no segmento risco de engenharia
O ritmo aquecido dos investimentos no País nos últimos anos favoreceu seguradoras que apostaram em coberturas de sinistros de grandes obras e projetos de infra-estrutura e expansão industrial. A Tokio Marine é uma das companhias que despontam no segmento risco de engenharia. Os prêmios da empresa registram crescimento médio de 100% nos últimos três anos, bem acima do desempenho geral do mercado, de 33,8%.
No período, a seguradora saltou da 9 para 3 posição no ranking das maiores receitas em prêmios diretos do ramo risco de engenharia, atrás apenas da Allianz e Unibanco AIG. De janeiro a agosto de 2008, o resultado de R$ 18,8 milhões supera os R$ 18,2 milhões dos negócios de todo o ano passado. O titular da diretoria técnica da Tokio Marine, Felipe Smith, conta que o objetivo é fechar dezembro deste ano com expansão de mais de 80%. “Devemos fechar acima de R$ 30 milhões, sendo, provavelmente, a primeira seguradora em volume de prêmio retido de todo mercado”, afirma.
Smith atribui a boa forma da seguradora à montagem de um time de profissionais especializados e ao trabalho de promoção entre potenciais clientes. “A Tokio tem trabalhado muito na divulgação do segmento, assim como tem uma das melhores e maiores equipes do mercado em riscos de engenharia. Isso permite um trabalho com muita agilidade nas respostas e qualidade de atendimento”, explica. O executivo diz ainda que a recente autorização para a resseguradora internacional do grupo operar no Brasil dará mais força competitiva à seguradora que opera no País. “Conseguimos dobrar nossa capacidade de resseguro, o que vai nos ajudar a manter este crescimento em 2009 em todas as modalidades de obras. Com isso, vamos estar na frente dos concorrentes em um mercado bastante competitivo, apesar de ter apenas dez seguradoras fortes”, prevê Smith.
Cultura do seguro
Outra estratégia da Tokio Marine para crescer na casa dos 100% no segmento riscos de engenharia é “vender” a cultura do seguro. Segundo Smith, a seguradora organiza cursos para potenciais clientes, como empresas de construção civil. “A falta de conhecimento é a principal barreira, por isso a gente tem feito diversos cursos com foco direto nos segurados, para que eles saibam que é possível transferir parte dos seus riscos para a seguradora.”
Airton José Folador, diretor financeiro da Intecnial, não precisou de cursos para contratar seguros para as operações da empresa. “Quase 100% das operações da empresa está coberta por alguma apólice. É uma política decidida pelos nossos acionistas. Eles entendem que a companhia não deve correr risco. Essa mentalidade evoluiu à medida que a complexidade das nossas operações e dos nossos contratos aumentou.”
Com 2.500 funcionários e previsão de faturamento de R$ 400 milhões neste ano, a indústria de bens de capital sediada em Erechim (RS) fechou uma apólice de risco de engenharia e responsabilidade civil com a Tokio Marine para a construção de três usinas de biodiesel da Petrobras, em Minas Gerais, na Bahia e no Ceará. O seguro previa a cobertura do valor total do empreendimento, de R$ 227 milhões.
“O seguro já estava no orçamento do projeto e cobria todos os processos da obra, da limpeza e terraplanagem do terreno à fabricação e instalação das máquinas e equipamentos, inclusive ações envolvendo empresas subcontratadas”, conta Folador, lembrando que precisou preencher questionários e fornecer documentos sobre as operações e o histórico da empresa para fechar o seguro.
Ao longo dos 24 meses do projeto, um único sinistro foi registrado. “Vamos entregar a unidade de Montes Claros (MG) no dia 30, e só tivemos um problema. Uma rajada de vento atingiu um guindaste, que tombou e derrubou uma peça. Tivemos de fabricar outra peça, mas os custos foram reembolsados pela seguradora.”
Fonte: Gazeta Mercantil