Títulos públicos estão mais atrativos
A possibilidade de rendimento maior em alguns títulos públicos, por meio do Tesouro Direto, aumentou com o estresse gerado no cenário político. Especialistas consultados estão recebendo mais consultas dos investidores. Durante conversa on-line com os clientes na Genial Investimentos, na parte da manhã, são discutidas oportunidades de investimentos. Quando o assunto é renda fixa, a maioria das dúvidas está relacionada ao Tesouro Direto” , explica o analista da Genial Investimentos, Felipe Villegas. “As aplicações ficaram mais interessantes para o investidor que tem foco no longo prazo, em títulos públicos de cinco anos ou mais”, diz. Em abril, o número total de investidores cadastrados no Tesouro Direto atingiu 1,36 milhão, aumento de 85,2% nos últimos 12 meses, segundo dados do Tesouro.
Na manhã de 17 de maio, antes da veiculação da delação da empresa JBS em sites e TV, o título público Tesouro IPCA+, com vencimento em 15 de agosto de 2024, prometia 4,99% ao ano sobre o capital investido, acrescido da inflação do período. Uma semana depois, em 25 de maio, o mesmo título apresentava rentabilidade de 5,55%, mais a inflação do período, quando resgatado em 2024. “Quando a taxa de rendimento fica acima de 5%, já é um ganho interessante para o investidor de longo prazo”, explica Villegas.
Outro papel, Tesouro prefixado (LTN), em 17 de maio, pela manhã, prometia pagar 9,19% ao ano, sobre o capital aplicado, no vencimento de 1 de janeiro de 2020. Alguns dias depois, em 25 de maio, o mesmo título passou a pagar 10,21% ao ano na mesma data de vencimento (01/01/2020). Segundo Villegas, a escolha do melhor título e rentabilidade vai depender do objetivo de cada investidor. Para médio prazo, os prefixados e, no longo prazo, os papéis indexados à inflação”, diz.
Para operar o Tesouro Direto, é necessário ter uma conta em um corretora de valores. Atualmente, a maioria das corretoras não cobra taxa de administração para as operações no Tesouro Direto. No entanto, o investidor tem de pagar a taxa de custódia para a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), de 0,3% ao ano, sobre o montante investido. Essa taxa é paga pela custódia dos títulos na bolsa de valores sob o CPF de cada pessoa. É o custo mínimo para as operações no Tesouro Direto, fora o imposto de renda sobre o rendimento da aplicação. Em um fundo investimento de renda fixa conservador, com papéis do Tesouro, o investidor não ficaria livre da taxa de administração anual que remunera o trabalho do gestor do fundo.
É importante ressaltar que, há dois anos, desde março de 2015, o Tesouro Nacional toma iniciativas para facilitar a relação do investidor com os títulos públicos, agora, com nome mais popular: Tesouro Selic, Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado. “Há o objetivo de tornar o programa mais acessível para que investidor entenda cada título negociado”, explica o coordenador geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves. Pelo celular, hoje, é possível fazer investimentos, resgates, consultas aos extratos pelo aplicativo oficial do Tesouro Direto.
Já no site do Tesouro Direto, além de o investidor encontrar o “orientador financeiro”, vídeos, há informações para cursos gratuitos on-line. No final do ano passado, três turmas de 1 mil pessoas participaram dos cursos. Nova turma começou em maio. “Todo conteúdo do curso fica disponível no site para download. Isso reforça nossa preocupação com a educação financeira do investidor”, afirma Alves.
Em abril, os títulos do Tesouro mais demandados pelos investidores que acessam o Tesouro Direto foram os indexados à inflação (Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), com participação nas vendas de 46,0%, segundo dados do Tesouro. O título indexado à Selic (Tesouro Selic) correspondeu a 36,6% do total e os prefixados, 17,4%. No geral, os títulos remunerados por índices de preços respondem pelo maior volume no estoque, alcançando 64,6%.
As vendas de títulos com prazo entre 5 e 10 anos representaram 78,1% em abril passado. A maior parte do estoque, 49,8%, é composta por títulos com vencimento entre 1 e 5 anos. Os títulos com prazo entre 5 e 10 anos correspondem a 27,8% e os com vencimento acima de 10 anos, a 17,2%.
Fonte: Valor