Teto de gasto público terá de ser revisto
O próximo presidente da República, a ser eleito em 2018, terá de rever as limitações de gastos públicos impostas pelo governo Michel Temer (PMDB), na avaliação do ex-ministro da Fazenda e do Planejamento do governo Dilma Rousseff (PT), Nelson Barbosa. “O plano fiscal proposto por esse governo não se sustenta em dois anos”, disse Barbosa, em Belo Horizonte.
A regra que criou um teto de gastos, limitando-o à inflação do ano anterior, é incompatível com o crescimento vegetativo da população, segundo ele. “Isso vai ter que ser reformulado”, afirmou o ex-ministro, ao participar na noite de segunda-feira de um debate promovido pela Universidade Federal Minas Gerais (UFMG) e pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG)
Para o ex-ministro, o teto de gastos aprovado por Temer tem um lado correto por colocar um foco maior nos gasto público. “Mas ele foi feito da forma errada. Porque não é só um plano para colocar teto no gasto, é um plano para reduzir o tamanho do Estado numa velocidade muito rápida e deixou as consequências para o sucessor.”
A questão, segundo ele, é que neste ano e no próximo, os efeitos do teto praticamente não serão sentidos pelo governo Temer porque a regra começou a valer com gastos muito elevados. “As consequências vão ficar para os próximos governos. Temer legislou sobre um mandato que não é dele”
Barbosa, no entanto, vê que o governo Temer tem adotado medidas na direção correta ao estabelecer um gradualismo no Déficit primário. “Esse gradualismo, quando foi proposto em 2015 (…), houve grande resistência, mas hoje é um ponto pacífico.” A questão, insistiu ele, é que se criou um teto antes de se obter os instrumentos que permitam cumprir essa limitação.
Barbosa não quis comentar a possibilidade de candidatura do ex-presidente Lula em 2018, ao ser perguntado durante o debate se aceitaria um eventual convite para integrar a econômica de um eventual novo governo petista.
Barbosa, professor da Faculdade de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), disse ainda que vê espaço para uma queda de Juros mais acentuada, para abaixo dos 7%. “Nas condições da economia brasileira de hoje, acho que o Banco Central poderia ser mais ousado e poderia derrubar os Juros para menos de 7% mais rapidamente, mesmo que eventualmente tenha que subir no segundo semestre do ano que vem. Há espaço, a capacidade ociosa, o desemprego está elevado e a gente tem condições de transitar com a taxa real de Juros mais baixa”, disse.
Fonte: Valor