Susep dá pontapé inicial para criar microsseguro
O Brasil deu o pontapé inicial para regulamentar o microsseguro, apólices de baixo custo vendidas para pessoas das classes C, D e E, que tem potencial de mercado de 100 milhões de pessoas e US$ 180 bilhões. Armando Vergílio, titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), acaba de voltar de uma viagem à China, onde participou de reuniões sobre o tema. “Depois de discutir as experiências mundiais em microsseguro, conclui que o Brasil vai poder buscar subsídios internacionais para as regras, mas o modelo terá de ser próprio.” Apesar de vender produtos dentro de parâmetros internacionais que definem o microsseguro, não consta nas estatísticas mundiais, pois falta regulamentação própria.
Na China, onde tudo tem de ser definido dentro do sistema político, o microsseguro está mais desenvolvido na área rural. No Brasil, a população do microsseguro está nos grandes centros. Uma das características do produto na Índia, desenvolvido em função do sistema de castas, que foi banido oficialmente mas que existe na prática há mais de 3 mil anos, é a comercialização através de um profissional da própria comunidade, conhecido como agente, que atua como vendedor e cobrador. Bem diferente da realidade brasileira, que tem um sistema sofisticado de cobrança via contas de serviços ou carnês de pagamentos.
“Temos a vantagem de já vender produtos para a baixa renda e contamos com a boa vontade do governo”, diz Vergílio, que anunciará em fevereiro o grupo de trabalho que dará as bases para a regulamentação do segmento. “É um outro mundo”, afirma José Luis Valente, vice-presidente da Tokio Marine. Tudo tem de ser diferente do seguro tradicional, completa. “Não dá para discutir entrega (pelo cliente) de documentos (em caso de sinistro). Tem de ser no esquema ?morreu, pagou?.”
Fonte: Gazeta Mercantil