SulAmérica busca aquisições para crescer
Com cerca de R$ 500 milhões em caixa, e com planos ambiciosos de crescimento para 2008, a SulAmérica saiu às compras. A seguradora, associada ao grupo holandês ING, está interessada em aquisições de outras companhias, carteiras de clientes e parcerias estratégicas para distribuição de produtos. “Estamos com recursos financeiros relevantes para financiar aquisições e acordos comerciais”, afirma o presidente da SulAmérica, Patrick de Larragoiti Lucas.
A SulAmérica abriu o capital em outubro no passado. Em valor bruto, captou R$ 775 milhões por meio da emissão de ações. Deste total, gastou perto de R$ 200 milhões. Cerca de R$ 60 milhões estão sendo gastos em uma operação de fechamento de capital de um subsidiária da seguradora, sem liquidez na bolsa. O restante foi gasto em um pré-pagamento de 30% dos bônus emitidos pela seguradora no exterior que vencem em 2012. O dinheiro que sobrou ficou reservado para financiar os planos de expansão da SulAmérica.
Além disso, a seguradora embolsou mais R$ 34 milhões no final de abril com a venda de uma participação indireta que tinha na Telemar. Este lucro extra será reconhecido no resultado do segundo trimestre.
Segundo Larragoiti, há duas frentes para por em prática o plano de expansão. Uma é pelo lado interno, por meio de crescimento orgânico. A seguradora, por exemplo, está com uma ação para aumentar as vendas de seguros para pequenas e médias empresas. No ano passado, houve crescimento de 40% das vendas de apólices de saúde para este segmento. Além disso, criou um programa que premia com maiores comissões os corretores mais dedicados à companhia. A SulAmérica tem uma base de 26 mil corretores ativos.
A outra frente é pelo lado das aquisições e parcerias estratégicas. A seguradora já sonda o mercado e faz algumas conversas, mas não entra em detalhes. “São questões muito delicadas”, diz Arthur Farme d´Amoedo Neto, vice-presidente corporativo e de relações com investidores. Segundo ele, a SulAmérica busca expansão nas áreas onde atua, como vida e previdência, saúde e automóveis. “Somos compradores”, afirma o executivo.
A seguradora começa no dia 15 uma série de apresentações para analistas, investidores e corretores, em cidades como Brasília, Fortaleza, São Paulo e Porto Alegre. Hoje, por meio de teleconferência, apresenta os resultados do primeiro trimestre, divulgados na noite de sexta-feira. O lucro líquido foi de R$ 118,3 milhões, expansão de 66%. As receitas totais subiram 7% e ficaram em R$ 1,8 bilhão.
Segundo Larragoiti, o aumento do lucro veio da melhora das duas principais carteiras da seguradora e de uma maior eficiência operacional. A de saúde cresceu 7,2%, puxada por pequenas e médias empresas, que subiram 26%. A carteira é responsável por 53% dos prêmios da SulAmérica.
Já a carteira de carros (que responde por 30% dos prêmios) teve expansão de 16%, enquanto o resto do mercado subiu 9%. A frota segurada subiu 5%, para 1,8 milhão de veículos.
Para este ano, uma das apostas é um seguro de carros voltado para mulheres, que acaba de ser lançado. Após pesquisas com consumidoras, a apólice foi desenvolvida para atender alguns necessidades apresentadas no estudo. Tem um profissional para trocar pneu e um motorista para dirigir nas madrugadas, evitando que a mulher fique sozinha no carro. O serviço inclui até uma pessoa para acompanhar a cliente em delegacias para fazer boletim de ocorrência em caso de sinistros.
Na área de grandes riscos, a SulAmérica ficou com o seguro da megaponte Octávio Frias de Oliveira, de 138 metros de altura (equivalente a um prédio de 46 andares), inaugurada no final de semana na Marginal Pinheiros, em São Paulo. A ponte é sustentada por cabos (estais, na linguagem técnica, daí o nome de ponte estaiada).
O seguro cobre os riscos de engenharia da obra, que começou a ser projetada em 2003 e teve investimento de R$ 233 milhões, segundo a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb). Por questões contratuais, a SulAmérica não revela os valores da apólice. Mas por ser uma ponte diferente, sem similares pelo mudo, Larragoiti diz que foi mais complicado calcular os valores.
Para Larragoiti, com o crescimento da economia, este tipo de seguro deve crescer ainda mais, por conta do novos projetos de investimento do governo e de empresas privadas. Outros segmentos, como o seguro transporte, também vão se beneficiar. A carteira de transporte aumentou 19% na SulAmérica.
Entre os indicadores do mercado de seguros, o índice combinado (que mede a eficiência operacional, quanto menor, melhor) caiu 2,1 pontos, para 95,3%. A sinistralidade, porém, aumentou de 62,1% para 64,9%.
Fonte: Valor