Suíços usam detetives para buscar relógio falso no Brasil
Jean-Daniel Pasche, presidente da Federação das Indústrias Relojoeiras da Suíça, conta que recentemente foram apreendidos, de uma só vez, 17 mil relógios falsificados com marcas helvéticas numa única loja da rua 25 de Março, no centro de São Paulo.
A ação da polícia foi pedida pela entidade. “Já usamos detetives na China e tivemos que recorrer a investigadores no Brasil porque os chineses estão exportando falsificados num volume gigantesco”, disse o executivo.
A indústria suíça sempre reclamou que não conseguia expandir suas exportações para o Brasil por causa de impostos que chegam a 95% e dobram assim o preço.
As exportações globais dos relógios helvéticos alcançam cerca de US$ 12 bilhões por ano. Para o mercado brasileiro, são apenas US$ 40 milhões. O México importa quatro vezes mais.
Agora, os suíços constatam que a perda de negócios no Brasil, um dos maiores mercados emergentes, pode ser maior porque uma parte da classe média parece se encantar com certos falsificados que, realmente, enganam bem.
A pirataria de Rolex chegou a tal ponto que agora muitos vendedores na China já mencionam a exportação do “Fauxlex”, o Rolex falso, por cerca de US$ 10 a unidade. O original custa alguns milhares de dólares.
O fenômeno começa a atingir marcas mais luxuosas, como Patek Philippe e até Vacheron Constantin, cujo preço do original pode superar US$ 1 milhão.
O fenômeno é provavelmente tão antigo quanto as trocas comerciais. Os antigos gregos reclamavam que seu vinho era falsificado pelos romanos. Queixas idênticas seriam registradas desde que a indústria relojoeira suíça começou em Genebra no século XVI, sob o impulso do reformador Jean Calvin.
Mas agora, com a globalização e novas tecnologias, os produtores suíços das mais diversas marcas de relógios dizem ser cada vez mais vítimas de seu sucesso. Estimam perder por ano cerca de US$ 800 milhões por causa da falsificação concentrada na Ásia.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o negócio de falsificação e pirataria alcançou US$ 200 bilhões globalmente em 2005 . Para a entidade, esse tipo de negócio pode ser mais lucrativo do que vender drogas, e com menor risco de ser pego.
“No Brasil, até conseguimos a apreensão de alguma mercadoria, mas nunca se pega os verdadeiros culpados e o problema se reproduz”, diz o presidente da Federação da Indústria Relojoeira Suíça, Jean-Daniel Pasche.
Fonte: Valor