SOMOS TODOS CORREDORES
O século XXI é marcado pela analogia, das formas, das idéias, dos organismos. A começar pelas pessoas que são comparadas o tempo todo dentro e fora das organizações. Arrisco dizer que estamos em uma eterna maratona onde a chegada é apenas um detalhe, porém determinada pelo esforço do percurso. Todo atleta tem o seu técnico, coach que o direciona, corrige, estimula, pune e acompanha, assim como as empresas tem seus líderes que tem como premissa agir da mesma forma. Todo atleta assim como os seres humanos têm suas próprias ambições, desafios e metas a serem conquistadas…o que define é o modo de como isso será desenhado e o quanto de energia será dedicado ao processo…No mundo atual, vivemos constantemente querendo conquistar prestígio, reconhecimento, clientes, evolução financeira, moral e até mesmo espiritual.Somos guiados pelo vício da conquista e da vitória. Mas quando no decorrer desta maratona, nos deparamos com players, concorrentes que muitas vezes estão a um milímetro de distância de você, já sentimos as pernas enfraquecerem com o medo do fracasso ou apenas o pensamento dele, o que é mais comum. Muitos atletas diminuem seu rendimento somente pelo fato de estarem emparelhados aos quenianos. Isso é um fato. Será que na rotina esmagadora nos sentimos assim? Nossos concorrentes estão sempre inventando algo novo, fazendo uma nova publicidade, mudando a cara do produto apenas para dar o ar da graça da novidade (que muitas vezes não tem nada de novo). Os produtos e serviços se proliferam como formigas trabalhadoras, com o incessante objetivo de reter. Recentemente um preparador físico de atletismo concedeu uma reportagem dizendo que a previsão de record dos atletas feita há 50 anos, já foi batida, superada há mais de 10 anos e que a previsão futura de records é tão inesperada devido a altas doses de treinamento, técnicas sofisticadas, fusão de modalidades no momento do treino, análises bioquímicas e neurológicas para identificar fatores propulsores ou acalentadores da melhoria de performance…Comparo tudo isso ao nível de exigência que encontramos dentro das empresas para incluir ou manter um profissional, seja no momento da contratação, desenvolvimento ou promoção. Há mais pessoas inscritas em cursos de gestão, MBA, pós-graduação e extensão universitária do que propriamente pessoas aptas para gerir tais e tais necessidades latentes do cliente, assim como há mais atletas inscritos na São Silvestre do que realmente atletas capazes de cumprir a trajetória. As pessoas são reconhecidas pelo código de barras que elas carregam…quem é você, onde você trabalha, quanto você vale. Conta muito mais a quantidade de cafés ou almoços que você efetuou com elas do que o número de horas que você ocupou na universidade e a competência medida ao longo de sua carreira. Se o século está mais exigente isso deve valer para todos a começar pela auto crítica. As pessoas precisam se rever em cada situação, parar de agir de forma desordenada e precipitada, as empresas são formadas pelos corpos que a ocupam, seres pensantes. E na trajetória do sucesso é muito importante contabilizar a escala de valores que foi usada para ganhar ou perder. Porque a vitória consiste não apenas em medir o saldo bancário, o número de inserções na mídia, o número de vôos taxeados, o tamanho do prédio ou o valor da PLR no término de cada ano fiscal…mas principalmente na imagem garantida, a confiança estabelecida e a credibilidade aumentada.