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Sinistros sobem e coberturas se reduzem

Uma grande rede de supermercados da Inglaterra, que costumava comprar de empresas brasileiras, faliu em meio à crise e não pagou as importações que tinha contratado. O prejuízo ficou com a seguradora Coface-SBCE, que havia feito a apólice das vendas e agora vai tentar recuperar o dinheiro com os ingleses.
Exemplos como o citado acima estão acontecendo aos montes em vários países, incluindo vários calotes de empresas ligadas ao setor de construção civil nos Estados Unidos. Isso tem feito seguradoras de crédito e resseguradoras a cortarem limites e coberturas e ainda a aumentarem preços.
Fernando Blanco, presidente da Coface, conta que quando uma empresa pedia 100% de cobertura de suas exportações, a seguradora costumava cobrir algo torno de 83%, dependendo do caso. Agora, com a piora do cenário, está disposta a aceitar até 60% e este número está com tendência de queda, conta Blanco.
“O que está acontecendo é um compartilhamento do risco. Não é mais seguro”, afirma Blanco, destacando que o seguro deve ser visto como uma transferência de risco. Por já ter uma grande carteira, Blanco diz que a Coface está mais conservadora. Mas outras companhias ouvidas pelo Valor também disseram ter recusado apólices e reduzirem coberturas. Marcelo Elias, diretor da Marsh, conta que esta é a tendência do mercado, seguindo o aperto de crédito dos bancos.
No geral, as seguradoras avaliam todo o balanço da empresa exportadora e depois a posição da empresa dentro do mercado local. Por fim, se avalia o setor da companhia. As seguradoras estrangeiras, como a Coface, têm bancos de dados de empresas do mundo todo, que são classificadas com um rating. Com isso, a seguradora consegue avaliar a situação de solvência das companhias pelo mundo afora.
Essa, aliás, é uma das vantagens do seguro de crédito externo. Uma empresa exportadora que trabalha com vários países pode não saber a situação financeira de seu importador. “A seguradora consegue fazer uma análise de crédito do cliente que a empresa exportadora não conhece bem”, diz Elias, da Marsh.
O diretor de uma seguradora de crédito diz que o mercado para estas apólices ainda têm espaço para crescer, mas de forma limitada. A razão é que muitas empresas simplesmente não fazem este tipo de seguro. Entre elas, as exportadoras de commodities e de grãos, que trabalham sempre com os mesmos clientes e por isso, não vêem necessidade do seguro. (ASJ)

Fonte: Valor

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