Serviços devem se manter aquecidos no 4° trimestre
A alta de 0,9% no volume do setor de serviços em setembro anunciada hoje pelo IBGE, patamar bem acima do estimado pelo mercado, mostra que o segmento ainda continua aquecido pela retomada da atividade econômica após o período mais grave da pandemia e ainda tem espaço para um incremento até o final do aos.
Mas os analistas ponderam que o impacto da política monetária contracionista e o desaquecimento da economia global deem impactar negativamente o desempenho em 2023. Matheus Pizzani, economista da CM Capital, destaca que o crescimento de 1% no desemprenho dos serviços prestados às famílias tem puxado o movimento positivo dos últimos meses.
Ele também citou o setor de telecomunicações, que desacelerou no mês, mas que ainda está com crescimento significativo em sua atividade. O destaque negativo fica para o grupo de transportes, que caiu 0,1% na base comparativa mensal, puxada principalmente pela queda no segmento de transporte terrestre e aquaviário, que caíram, respectivamente, 0,3% e 1,3%, pondera.
Para Pizzani, apesar da queda, o segmento de transporte terrestre ainda opera com nível de crescimento bem significativo no acumulado anual, na casa de 22% e perto do pico de sua série histórica. Já o transporte aquaviário, vem sofrendo uma desaceleração abrupta que pode estar correlacionado com o desaquecimento da economia global, que prejudica principalmente as exportações e faz com que esse segmento acabe tendo um desempenho mais negativo, afirma.
Segundo o economista da CM Capital, a expectativa para os próximos períodos é que pesquisa mensal de serviços continua mostrando desempenhos positivos, uma vez que o processo de recomposição do setor de serviços ainda não finalizado. Contudo, esse desaquecimento na economia global tende a afetar bastante esse o setor de transportes, o que pode ser um vetor negativo, ainda que insuficiente para barrar o crescimento do indicador, ao menos até o final de 2022, prevê.
A CM Capital projeta que o setor de serviços deve fechar este ano e alta de 8%, mas é prevista uma desaceleração em 2023, por conta do efeito da política monetária, e o crescimento para o ano que vem deve ficar na casa de 2,5%. Além do resultado mais forte que o esperado para setembro, o BTG Pactual observa que houve os forte revisão para cima no dado de agosto dos 8,0% anunciados anteriormente, para 8,7%.
O BTG ainda acredita que o setor de serviços deve continuar a mostrar desempenho positivo no último trimestre de 2022, em meio à melhora da renda real das famílias e um mercado de trabalho mais forte. O período de festas e a realização da Copa do Mundo de futebol, por exemplo, devem manter os serviços às famílias aquecidos.
A previsão é que o setor deva crescer 1% no quarto trimestre, encerrando 2022 com alta de 8,3%. Porém entendemos que, diante do forte desempenho do setor no ano e dos impactos negativos do aperto das condições financeiras, o setor deve apresentar desaceleração nos próximos meses, comenta em relatório.
Já a XP cita em relatório que três dos cinco grupos de serviço pesquisados ??pelo IBGE avançaram em setembro sobre agosto, com destaque para os serviços prestados às famílias, que registraram o sétimo aumento mensal consecutivo, de 1% no mês e de 2,6% na comparação trimestral. Esses números refletem a normalização do padrão de consumo das famílias em meio à reabertura econômica aliada à recuperação das condições do mercado de trabalho, afirma, destacando que esses serviços ainda estão cerca de 4% abaixo dos níveis pré-covid. O setor de serviços deverá manter uma trajetória positiva nos próximos meses. O aumento do rendimento disponível real das famílias constitui um fator chave para sustentar essa expectativa, comenta em seu relatório Macro.
Com os dados divulgados hoje a estimativa para setembro do IBC-Br (proxy mensal do PIB do Banco Central) é de 0,1% na comparação mensal e de 4% na anual.
A XP mantém a projeção de que o PIB do Brasil deve crescer 2,8% em 2022 e 1,0%, em 2023.
Estímulos fiscais
O Goldman Sachs disse esperar que alguns dos setores de serviços ainda impactados pela pandemia se recuperem mais nos próximos meses, apoiados pela renovação dos estímulos fiscais, pelo mercado de trabalho firme e pela inflação em recuo. A sólida expansão dos setores de serviços intensivos em mão de obra contribuiu para um aumento mais rápido do que o esperado do emprego e para o aperto do mercado de trabalho, comenta.
No entanto, o banco de investimentos alerta que os retornos marginais decrescentes da dinâmica de reabertura econômica, condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e a incipiente reviravolta no ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços no final deste ano e início do próximo. Para o Itaú, o setor de serviços mostrou-se resiliente no terceiro trimestre, superando as expectativas.
Por conta disso, o banco revisou suas estimativas de PIB para 2022, de 2,5% para 2,7%, embora ainda espere que o crescimento econômico perca força no quarto trimestre.
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