Sem mentiras ou padrinhos de luxo
Wander Azevedo tem 27 anos e é gerente de projetos no Unibanco. Ele é também um dos brasileiros que está tentando uma colocação em Harvard, Stanford, Kellogg, MIT ou Wharton este ano. Azevedo, porém, tem uma vantagem adicional nessa disputa. Ele conseguiu uma das melhores pontuações no GMAT este ano, 760 pontos. Só 1% dos participantes do exame atingiram esta marca.
“É um grande investimento de tempo e dinheiro”, diz Azevedo, que está bancando a empreitada do próprio bolso. Nada garante que mesmo com a nota espetacular entrará em uma das cinco escolas, mas ele está confiante. Azevedo acredita no retorno garantido para a carreira caso consiga ingressar em uma delas. Ele decidiu fazer o MBA no fim do ano passado e começou a se preparar para o processo em maio deste ano, com a ajuda de uma consultoria profissional. Ele diz que não teve problemas ao comunicar sua decisão no trabalho. Paulo Cesar, da Philadelphia Consulting, entretanto, diz que nem sempre isso acontece. “Tive vários alunos demitidos quando deram a notícia ao chefe”, conta.
O importante para quem decide investir num MBA no exterior, segundo os consultores, é saber qual o seu perfil e escolher uma escola que se adeque a ele (veja tabela ao lado). “Quando o mercado está aquecido aparecem candidatos que não têm perfil para fazer um MBA internacional. Muitos acabam sendo aceitos em escolas de segunda linha, obtendo um resultado duvidoso para a carreira”, diz o consultor Carlos Megaron.
O consultor Paulo César orienta seus candidatos a sempre investirem em pelo menos oito escolas. “Eles precisam ampliar suas chances e se não tiverem perfil para as top eu os ajudo a escolher outras escolas que estejam relacionadas com suas áreas de interesse”, diz.
Outra dica dos consultores é falar sempre a verdade. Inflar o currículo não ajuda. “Não é ético fabricar histórias. Dizer o que você fez de uma forma marqueteira é uma coisa, mentir é outra”, diz o consultor Ricardo Betti.
Uma recomendação fundamental é ser realista. Apenas 14,9% dos que tentam conseguem entra em Harvard e 9,9% em Santaford. Entre os brasileiros, a disputa é acirrada. “É mais fácil entrar em outubro, porque os brasileiros deixam tudo para última hora e acabam deixando a inscrição para janeiro”, diz César. E brasileiro compete com brasileiro. As escolas, no geral, procuram equilibrar a diversidade nas classes e isso acontece já na primeira rodada em outubro. “Existe um percentual desejado de latino-americanos, e entre eles, de brasileiros”, explica. “Isso é velado, mas acontece”.
A última dica é pedir cartas de recomendação para pessoas que realmente conheçam o seu trabalho, como um antigo chefe ou fornecedor. Muita gente acha que o quilate de quem indica ajuda. A prova é o grande número de cartas escritas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Um consultor conta que Stanford, no ano passado, chegou a receber uma carta do papa Bento XVI. Mas na hora da admissão, nem a benção de Sua Santidade foi suficiente. O candidato não foi admitido. (SC)
Fonte: Valor