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“Sem flexibilidade, há demissão”

“Sem flexibilidade, há demissão” Edward Amadeo era ministro do Trabalho quando, uma década atrás, o governo lançou um pacote para evitar demissões em períodos de crise. Nasceram naquele 1998 póscrise da Rússia medidas como a redução de jornada com corte de salários e a suspensão temporária do contrato de trabalho. São as mesmas propostas que estão sendo negociadas por patrões e sindicalistas neste 2009. Hoje, Amadeo trabalha com Armínio Fraga, ex-presidente do BC, na Gávea Investimentos.
Afastado dos estudos sobre mercado de trabalho que o consagraram como economista e professor da PUC-Rio, declarou-se surpreso com a ressurreição dos atos que idealizou. A seguir, os principais trechos da entrevista à “Negócios & Cia”, ontem à tarde, por telefone: O senhor participou, no governo FHC, da criação dos instrumentos de flexibilização que patrões e empregados, agora, negociam.
Como vê este momento? 
Achei que tudo tinha sido jogado no lixo. Fiquei surpreso que aquelas medidas estejam sendo levadas a sério hoje. Na época, me acusaram de criar o desemprego temporário.
O que mudou? 
Os sindicatos tiveram dez anos para conhecer os instrumentos e saber como usá-los.
Medidas como redução de jornada e salário, banco de horas e suspensão temporária de contratos são capazes de enfrentar a crise? 
Tem horas em que o mercado de trabalho precisa se ajustar de alguma forma. Quando não há flexibilidade, o ajuste todo se dá via demissão. Com outros instrumentos, a renda familiar pode até cair, mas o trabalhador não fica desempregado.
É o mal menor.
O senhor vê necessidade de novas medidas ou de uma reforma? 
Para esta crise, os instrumentos que estão na mesa são suficientes. Não acho o momento político adequado para falar em reforma trabalhista. Há coisas que poderiam ter sido feitas quando o quadro era positivo. Medidas que poderiam simplificar a gestão e aumentar a eficiência, a produtividade do trabalho. Elas não têm a ver com o curto prazo, mas com o crescimento que o país deixará de ter em dez ou vinte anos.
O ministro Carlos Lupi está ameaçando punir empresas que receberam empréstimos ou incentivos do governo e estão demitindo.
Como vê esse discurso? 
Impor condicionalidades a empresas é interferir no funcionamento do mercado. Uma empresa demite por precisar, não por querer. Muitas vezes, para sobreviver, a empresa precisa demitir.
Amadeo, ex-ministro do Trabalho, diz que medidas como redução de jornada e salário são “mal menor”

Fonte: O Globo

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