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Seguro faz resultado do Bradesco cair no trimestre

Fechando a safra de balanço dos grandes bancos privados, o Bradesco divulgou no terceiro trimestre do ano um lucro líquido de R$ 1,811 bilhão, redução de 5,2% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 1,910 bilhão). A queda é explicada pela piora nas operações de seguros, que apuraram ganhos 9,5% menores no ano, além de um aumento nas despesas administrativas e de pessoal.
No acumulado do ano, o lucro líquido ficou em R$ 5,831 bilhões, leve alta de 0,2%. Desse total, R$ 3,936 vieram das atividade financeiras e o restante, R$ 1,895 bilhão, da seguradora.
O desempenho das ações do banco ontem refletiu uma certa decepção dos investidores. Os papéis (PN, sem voto) caíram 0,7%, em direção oposta aos concorrentes Itaú Unibanco (3,23%) e Banco do Brasil (2,99%). O Santander recuou 0,73%. Além do resultado em linha com o esperado, os analistas destacaram um crescimento modesto da carteira de crédito no trimestre, contra recuperação mais agressiva dos competidores diretos.
Para reverter essa situação, o Bradesco aposta em retomada mais forte dos empréstimos a partir do quarto trimestre para fechar a carteira dentro da perspectiva já divulgada de elevação da carteira entre 8% e 12% para este ano. A ideia é não só recuperar o espaço perdido durante a crise, mas, nas palavras do presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, “aproveitar o melhor momento” do pós-crise.
“É evidente que os bancos públicos cumpriram um papel importante nas políticas anticíclicas, o que é muito adequado. Mas historicamente o Bradesco está presente nos tempos duros e nos tempos maduros, e vamos ganhar fatias de mercado”, disse Trabuco.
De fato, o Bradesco teve uma perda relativa no crédito nos últimos 12 meses, admitiu Trabuco, mas ele fez questão de ressaltar que o banco manteve “o poder de competição dentro do sistema privado”. Segundo dados do Banco Central, enquanto o saldo dos empréstimos dos públicos cresceu 38,8%, em 12 meses até setembro, a alta foi de apenas 7% entre os privados.
Com o ritmo mais lento dada a crise, no fim de setembro, a carteira de crédito do banco atingiu saldo de R$ 215,536 bilhões, uma elevação de 10,2% em 12 meses. A alta foi puxada por operações para grandes empresas, que subiram 12,8%, para R$ 79,553 bilhões.
No terceiro trimestre, com a melhora do cenário de risco e a volta das maiores companhias para o mercado de capitais, a instituição realizou uma mudança de mix, com aposta maior nas pequenas e médias e também na pessoa física. Não por acaso, o Bradesco anunciou ontem ampliação dos prazos para esses dois segmentos.
Com a medida, além de aproveitar o fim do ano, o banco já se prepara para uma forte expansão em 2010. “Ainda não temos uma previsão para o crescimento da carteira de crédito, mas não será menor do que 20%, dado que esperamos que a economia cresça 5,4% no próximo ano”, disse Domingos Abreu, vice-presidente do Bradesco. O índice de Basileia em 17,7% permite ao banco praticamente dobrar a carteira, concedendo outros R$ 213 bilhões.
O que permite essa visão mais otimista é a melhora na inadimplência. Os atrasos acima de 90 dias ficaram praticamente estáveis entre as pessoas físicas, passando de 7,5% para 7,6% e ainda subiram entre as empresas. Mas o índice de atrasos entre 60 e 90 dias, que apontam o comportamento futuro da carteira com problema, registrou queda em todas as modalidades. “O pico pode ter sido atingido [no terceiro trimestre] e agora veremos estabilidade ou até mesmo redução”, disse Trabuco.
Como consequência da melhora do risco, as despesas com provisão para devedores duvidosos tiveram forte redução, de 34,2%, saindo de R$ 4,421 bilhões, no segundo trimestre, para R$ 2,908 bilhões em setembro.
Até por isso, a margem com intermediação financeira teve expansão de 33,7% no ano, para R$ 7,587 bilhões. No quarto trimestre, o presidente da instituição espera uma queda nos “spreads”, por conta da maior concorrência, o que pode comprometer parte dessas margens. “Os grandes bancos estão exercendo seu poder máximo de competição e a queda dos spreads se deve a essa concorrência”, diz.
Por outro lado, as despesas administrativas avançaram 11,6% no ano, para R$ 4,485 bilhões, enquanto as receitas com prestação de serviços cresceram menos, 5,9% em 12 meses – no trimestre, caíram 1,9%. Parte dessa redução se deve a menor participação das receitas da VisaNet no período.
Os ativos totais tiveram alta de 14,9%, para R$ 485,686 bilhões. O patrimônio líquido fechou o trimestre em R$ 38,877 bilhões, expansão de 13,8%. O retorno anualizado sobre o patrimônio médio atingiu 21,8%.
Na terça-feira, o Itaú Unibanco reportou um lucro líquido de R$ 2,268 bilhões no terceiro trimestre, queda de 11%. O Santander publicou na semana passada ganho de R$ 413,763 milhões no período, redução de 16,7%. No dia 12 está prevista a divulgação dos números do Banco do Brasil.

Fonte: Valor

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