Seguro e Olimpíadas
Antonio P.Mendonça*
Para o leigo, parece que não há nada em comum entre a operação de seguros e os Jogos Olímpicos. Todavia, nada mais falso. Sem um conjunto de coberturas bastante abrangentes, dificilmente os Jogos de Pequim poderiam acontecer. Os riscos seriam altos demais até para uma nação rica como a China atual.
Quando se fala em Jogos Olímpicos, as cifras envolvidas ultrapassam a casa dos bilhões de dólares. Construção de estádios, piscinas, alojamentos, estacionamentos, hotéis, meios de transporte, alimentação, salas de imprensa, suporte para os turistas consomem bilhões antes de os jogos acontecerem.Com certeza a preparação para a realização de uma Olimpíada está entre os eventos mais caros do mundo.
Milhares de atletas de ponta se reúnem para disputar o louro olímpico, a medalha de ouro, sem dúvida a maior honraria que um esportista pode almejar. Outros bilhões de dólares são gastos com eles. São a elite e precisam treinar, se preparar e se concentrar em seus países de origem para estarem no auge da forma durante os jogos.
Para isto é necessário pagar as instalações, os equipamentos, os técnicos, a estadia durante a fase de concentração. Depois, é necessário pagar os uniformes, o material, as viagens, e em alguns casos, inclusive os alimentos a serem consumidos durante os jogos, levados dos países de origem para que os atletas não estranhem a comida e percam rendimento.
Todas estas despesas ou investimentos custam e correm riscos. O seguro começa aí. Protegendo as instalações para a preparação e o equipamento das diferentes equipes contra danos que possam causar prejuízos de monta e que são possíveis de ocorrer, como um incêndio ou um acidente com o veículo encarregado do transporte.
E vai além, protegendo os atletas contra praticamente todos os tipos de riscos que possam ameaçá-los, incluídos a morte e acidentes pessoais.
De outro lado, o país sede assume, com a realização dos jogos, uma série de obrigações que também necessitam ser protegidas. Acidentes nas instalações ou com as instalações destinadas aos atletas. Acidentes nas instalações para o público durante os jogos. Intoxicações alimentares. Doenças. Eventos de origem climática ou natural. Adiamento ou cancelamento de provas específicas, de parte ou até dos próprios jogos.
As redes de televisão e a imprensa em geral investem muito dinheiro para garantir suas transmissões e a informação para o resto do planeta. Os turistas gastam com viagem, estadia e ingressos para os jogos. Os organizadores gastam com a preparação dos eventos. Assim, o simples cancelamento de uma prova já é um prejuízo de vulto, que deve ser ressarcido.
O desenvolvimento das apólices e das garantias, bem como a abrangência das coberturas para eventos do porte dos Jogos Olímpicos, não é coisa para amador. Neles estão envolvidos riscos altamente complexos, com valores bastante elevados, que necessitam de programas de seguros complexos, que levem em conta as diferentes variáveis capazes de causar prejuízos diretos e indiretos em função da existência e da realização dos jogos.
São produtos específicos, desenhados com a finalidade de minimizar dentro do possível as perdas, eventualmente resultantes de sinistros que ocorram durante ou por causa das Olimpíadas.
Pela breve exposição acima é possível se ter uma idéia da complexidade e da abrangência dos tipos de relações e responsabilidades envolvidas. Num universo desta ordem de grandeza é inimaginável que alguém prossiga sem ter a proteção de um plano de prevenção de riscos e seguros. E com certeza, Pequim não é exceção.
Fonte: O Estado de São Paulo